Política

Bolsonaro se defende sobre Marielle em discurso de 300 dias de governo

Bolsonaro também defendeu o filho Eduardo e afirmou que Brasil precisa ‘se antecipar’ em caso de protestos semelhantes aos do Chile

Transmissão ao vivo, na TV Brasil, de solenidade dos 300 dias de governo. (Foto: Reprodução/TV Brasil)
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) celebrou os 300 dias de governo em solenidade no Palácio do Planalto, realizada nesta terça-feira 5. Em seu discurso, Bolsonaro defendeu sua inocência no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes.

O presidente da República “lamentou” que a imprensa relacione sua figura ao homicídio da parlamentar, já que, segundo ele, não havia motivos para que ele participasse do crime.

“Lamento uma grande imprensa no Brasil querer colocar no meu colo a execução de uma vereadora, porque um dos possíveis executores morava em meu condomínio. Tem mais gente que deve no meu condomínio, são 150 casas lá dentro. Não é uma imprensa que colabora com o Brasil. Não satisfeita, diz agora que tem um segundo porteiro”, afirmou.

Em seguida, Bolsonaro disse que se envolver no assassinato seria uma traição aos seus princípios religiosos e lembrou que também espera a resolução da investigação sobre a tentativa de assassinato durante sua campanha eleitoral em 2018, com uma facada.

“Que motivo eu teria para cometer um ato daquele? Estaria contrariando meus princípios cristãos. E mais, no que aquela pessoa me atrapalhava? Zero. Lamento pela família pelo ocorrido, é uma marca que fica no Brasil que não é boa. Eu espero, [Sergio] Moro, que seja desvendado esse crime, bem como espero que seja desvendado quem tentou matar Jair Bolsonaro”, afirmou.

Em outro trecho do discurso, o presidente também aproveitou para defender o seu filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na quinta-feira 31, Eduardo sugeriu o retorno do Ato Institucional nº 5 (AI-5) “caso a esquerda se radicalize”.

“Eu, na Câmara, já respondi a uns 30 processos de cassação. Eu espero que o meu filho, Eduardo, não entre nessa linha minha. Agora, em todos os momentos, a Câmara respeitou o sagrado direito de opinião, seja ela qual for”, disse.

Na sequência, Bolsonaro comentou os protestos que ocorrem no Chile e afirmou que torce pela pacificação do país. Após o filho 03 sugerir “um novo AI-5” para conter manifestações semelhantes às do Chile, Bolsonaro afirmou que o Brasil deve se “antecipar” caso surjam mobilizações similares.

“Falando em Chile, nós devemos ter a capacidade de se antecipar a problemas”, afirmou, sem propor medidas que tomaria em uma situação como essa. “Nós sabemos que, infelizmente, aqui no Brasil, existem alguns maus brasileiros que ficam o tempo todo maquinando como chegar ao poder, não interessa por que meios. Não podemos admitir isso. O meu governo, eu não duvido que seja um dos mais democráticos nos últimos anos.”

Na cerimônia, Bolsonaro assinou uma série de atos, como a edição da Medida Provisória que retira o monopólio da Casa da Moeda sobre a fabricação de papel-moeda, o projeto de lei que privatiza a empresa de energia elétrica Eletrobras e mais cinco decretos.

Na manhã desta terça-feira 4, Bolsonaro entregou pessoalmente o pacote de novas medidas econômicas ao Congresso Nacional. Ele se reuniu com os ministros Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni e com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) em um anúncio conjunto. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não esteve presente.

Com o “pacotaço”, Guedes prometeu destinar entre 400 bilhões e 500 bilhões de reais para estados e municípios em 15 anos. As principais propostas são a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Pacto Federativo, com uma nova divisão de recursos de Estados e municípios a partir de royalties do pré-sal; a “PEC Emergencial”, para conter gastos obrigatórios; a “PEC DDD”, que significa “desvincular, desindexar e desobrigar” gastos públicos no Orçamento; e a Reforma Administrativa, que deve reduzir o número de carreiras e mudar regras na estabilidade para algumas funções.

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