Economia

Bolsonaro diz que ‘Petrobras só dá dor de cabeça’

Presidente também comentou relatório da CPI da Covid que pediu seu indiciamento e disse não estar ‘preocupado com sua imagem’

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta quarta-feira 27 o novo aumento de combustíveis anunciado pela Petrobras na segunda-feira 25. Em entrevista ao canal de TV da rádio Jovem Pan, o ex-capitão disse novamente que a culpa pela alta não é dele, passando em seguida a afirmar que a estatal só dá dor de cabeça. Mais adiante, indicou novamente que poderá privatizar a empresa em breve.

“Não vale a pena eu falar que o combustível tá subindo no mundo todo. Aqui tá subindo menos, mas tá subindo no mundo todo. Alguns acham que a culpa é minha. Eu posso interferir na Petrobras? Eu vou responder processo, um presidente vai acabar sendo preso. É uma estatal, com todo respeito, que só me dá dor de cabeça”, afirmou Bolsonaro.

“Nós vamos agir pra quebrar o monopólio, quem sabe até botar no radar da privatização”, disse.

Bolsonaro então seguiu criticando a atuação da empresa, alegando que a estatal estaria visando apenas o lucro dos acionistas.

“É uma empresa que hoje em dia está prestando serviço para acionista e mais ninguém. A chance de perder algo na Petrobras é zero. Só o governo tá pegando 11 bilhões [de reais], uma quantia equivalente vai pra acionista. Se você comprar uma ação de qualquer empresa pode perder, se comprar da Petrobras não perde nunca”, destacou.

Apesar dos lamentos e reclamações, o presidente não indicou nenhuma ação que seu governo pretende adotar para conter a alta no preço dos combustíveis, jogando a responsabilidade para governadores e Congresso Nacional.

CPI da Covid

Durante a entrevista, Bolsonaro também comentou os pedidos de indiciamentos contra ele aprovados pela CPI da Covid no Senado na terça-feira 26. Segundo Bolsonaro, as ações ‘não abalam’ porque ele não estaria preocupado com a ‘própria imagem’.

“A gente sabe que foi uma palhaçada a CPI do Renan, talvez pra se vingar […]. Mas ela causa um estrago, não é em cima de mim, eu to aqui pra apanhar também, não to preocupado com biografia minha. […] Agora pra fora do Brasil a imagem é péssima, acham que tão vivendo aqui uma ditadura”, afirmou.

“[Lá fora] acham que eu to prendendo jornalista, acham que eu to cerceando liberdade de expressão, acham que eu matei gente na Covid. Isso influencia. Gente que queria investir no Brasil não investe, gente que vinha fazer turismo não faz. Isso mexe na Bolsa, mexe no preço do dólar, na inflação”, acrescentou Bolsonaro sobre o relatório final da CPI.

O ex-capitão aproveitou também para tratar do julgamento da cassação da sua chapa em 2018, iniciado nesta terça pelo Tribunal Superior Eleitoral. Para ele, o tema não deveria nem ter sido pautado.

“Olha os problemas que eu enfrento, olha o julgamento no TSE de ontem, a que ponto chegou nosso TSE, tem certas coisas que você nem tem que botar em pauta, tem que arquivar. Estão achando ainda que eu cometi fake news durante a campanha, queriam cassar por fake news contra o PT. Fake news contra o PT é dizer que é um partido de gente honesta”, afirmou irritado.

Fake news da vacina

Novamente, Bolsonaro tentou justificar a notícia falsa que disseminou em transmissão ao vivo nas suas redes sociais. Na ocasião, o presidente relacionou a vacina da Covid com o desenvolvimento de Aids.

Na entrevista, o ex-capitão não se corrigiu, nem se desculpou pela afirmação, alegando mais uma vez que apenas leu uma notícia da revista Exame, fato também já desmentido.

“Falar qualquer coisa de vacina passou a ser crime. Te derrubam a página, te bloqueiam. Agora você não pode desconfiar da vacina nem da urna eletrônica”, disse após repetir a justificativa.

Mais uma vez, Bolsonaro mentiu sobre estar ‘mais imune’ do que quem se vacinou por já ter contraído o vírus. A tese já foi refutada por autoridades de saúde.

Lula e o Auxílio de 600 reais

Na conversa desta quarta, Bolsonaro aproveitou o tempo para defender o Auxílio Brasil de 400 reais e atacar Lula pela proposta de ampliar o benefício para 600 reais.

“Não é projeto eleitoreiro, tanto é que o Lula falou que se fosse ele daria 600 reais. Mas eu peguei herança do Bolsa Família, tá em 192 a média, porque ele não acertou lá atrás? Agora em ano eleitoral, todo mundo tem ideias maravilhosas, mas agora imagina se eu falo 600 pro Bolsa Família o que acontece com a Bolsa e com o dólar?”, questionou.

Antes, já havia explicado que não irá ‘furar o teto’ para pagar o aumento. Repetindo a explicação dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro disse que o dinheiro sairá da PEC dos precatórios. Aproveitou ainda para lamentar que os precatórios tenham ‘estourado’ no seu governo.

“O objetivo [da cobrança integral dos precatórios] é te sufocar pela economia, os caras querem me tirar daqui de qualquer maneira. Não é que eu não quero sair, eu vou sair um dia, na hora certa”, destacou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.