Política

Bolsonaro diz que hackers foram contratados para desviar 12 milhões de votos

Sem provas, o presidente acusa ‘o outro candidato’ de 2018 de ser o mandante das supostas invasões

Jair Bolsonaro ao lado de João Roma, ministro da Cidadania, pasta responsável pelo Auxílio Brasil. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira 9 que os ‘hackers das urnas’ foram contratados para desviar 12 milhões de votos seus para ‘o outro candidato’ em 2018. Bolsonaro admite mais uma vez não ter provas nem das invasões, nem da nova suposição, e usa o relatório da Polícia Federal para embasar a nova narrativa. O documento, no entanto, não traz nenhuma comprovação ou menção sobre a afirmação. As declarações foram dadas em entrevista à rádio Brado, da Bahia.

 

“O que se chega aqui…agora fica a suposição, não posso afirmar também…que tinham acertado que esse hacker desviaria 12 milhões de votos meus. Mas como eu tive muito voto, não foi suficiente retirar de mim 12 milhões de votos e passar pra outro ou anular. E daí houve o fato de eu ter ganho as eleições”, afirmou Bolsonaro em nova narrativa sem comprovação.

O mandatário não apontou diretamente quem contratou os hackers, mas insinuou tenha sido Fernando Haddad (PT-SP), com anuência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Novamente, a acusação foi feita sem provas.

Ainda de acordo com o presidente, o caso só teria ido parar na Polícia Federal porque os próprios hackers denunciaram após supostamente não terem sido pagos pelo ‘outro candidato’.

“Então os hackers não foram pagos porque quem contratou esses hackers…é uma suposição, deixar bem claro…não conseguiu o seu intento, ou seja, eleger ‘o poste’ [Fernando Haddad]”, disse o presidente.

Ao mesmo tempo em que admite não ter provas da fraude, Bolsonaro diz também que a questão ‘está comprovada’ pelo próprio TSE. Novamente, a afirmação já foi desmentida diversas vezes pelo próprio Tribunal.

“Se a gente entrar não precisa nem fazer perícia, está comprovado. O TSE comprovou, o TSE assina embaixo. Apagou os rastros, apagou as digitais na cena do crime. Isso é mais do que suficiente para nós sim aprovarmos o voto impresso”, destaca.

O presidente voltou a ofender diretamente o presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Na entrevista, chamou Barroso de ‘mentiroso’ por ser contra a impressão dos votos e novamente disse que o ministro é ‘favorável ao estupro de menores’. De acordo com Bolsonaro, Barroso defende ‘tudo o que não interessa para um estado democrático’.

Projeto ‘contra a censura’ será a nova bandeira de Bolsonaro no Congresso

Na entrevista, Bolsonaro também revelou que prepara para os próximos dias um projeto de lei para tentar conter a ofensiva de big techs contra os conteúdos seus e de seus apoiadores.

Recentemente, vídeos e publicações com mentiras e sem embasamento científico têm sido excluídos de plataformas como o Youtube, Facebook e Twitter. O próprio canal oficial do presidente teve conteúdos retirados do ar por conter informações falsas. Outros bolsonaristas também foram barrados por mentir em publicações.

O presidente foi questionado por Alexandre Aleluia, vereador pelo DEM e apresentador da rádio, sobre a ‘censura’ que vem sofrendo das grandes redes sociais. Enquanto ouvia a questão, Bolsonaro escreveu algo na mão e mostrou para João Roma, ministro da Cidadania que participava da conversa ao seu lado. Roma leu e sorriu indicando ‘aprovação’ ao que Bolsonaro iria responder.

“Aleluia está amadurecendo e você agora deu o xeque-mate em mim. A decisão minha é esta semana nós enviarmos um projeto bastante curtinho para dentro do Parlamento. Mais ou menos com os seguintes termos, baseado no dispositivo do artigo 5º da Constituição, que fala das garantias e direitos individuais e um deles é a liberdade de expressão. Vamos fazer com que qualquer matéria sua ou de quem está nos ouvindo aqui só possa ser retirada dessas páginas por decisão judicial e ponto final”, revelou.

De acordo com o presidente, a intenção é impedir ‘o que aconteceu nos Estados Unidos’, onde supostamente quem apoiava o Donald Trump era censurado e quem não apoiava era exaltado. O ex-presidente dos EUA foi banido do Twitter e do Facebook por publicar mentiras no seu perfil. Após o episódio, um forte aliado de Trump criou uma rede social ‘de direita e sem censura’, o Gettr, onde o clã Bolsonaro já está presente.

“Obviamente os partidos de esquerda vão ser contrários. Eles podem escrever e falar a maior barbaridade do mundo no Facebook, no Instagram, que não têm problema nenhum. Agora se você falar que defende a família, o voto auditável ou fazer críticas justas a autoridades, como os ministros do Supremo, você tem sua página bloqueada, retirada do ar e ainda vai ser incluído no Inquérito das Fake News e quem sabe sofrer uma busca apreensão na sua casa ou até mesmo uma prisão”, finalizou a explicação.

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