Política

As viagens de Lula e os nós a serem desatados em três palanques municipais

O PT pede que o presidente atue de forma mais direta em algumas cidades onde o partido tenta vencer resistências e garantir a vice, apoios ou a candidatura própria

O presidente Lula (PT). Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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A seis meses das eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza nesta semana um périplo a três estados – Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará – onde o PT ainda precisa aparar arestas em palanques considerados estratégicos para a disputa em outubro.

Na última semana, a Executiva Nacional decidiu que Lula deverá atuar de forma mais direta no Rio e no Recife, cidades onde o partido tenta vencer resistências e garantir a vice de Eduardo Paes (PSD) e de João Campos (PSB). Ambos têm relação próxima com o presidente, que entra em campo com uma espécie de trunfo nas articulações.

A primeira parada de Lula, na capital fluminense, teve como mote a inauguração do Instituto de Matemática Pura e Aplicada e de Tecnologia ao lado de Paes e ministros do governo. À noite, ele deve comparecer ao evento de filiação da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) ao PT.

Como mostrou CartaCapital, Anielle é vista como um importante quadro eleitoral para as eleições de 2026 e chegou a ser ventilada para a vice do pessedista, mas perdeu força em meio às resistências internas e do próprio Paes. Com a pretensão de disputar o governo do Rio em 2026, ele tem indicado a interlocutores que deseja dar a vaga a uma pessoa de total confiança.

Ainda assim, o partido nutre a esperança de emplacar um nome na chapa e argumenta que a aliança no pleito deste ano é um projeto de longo prazo. Três quadros são vistos como opções viáveis para o posto: os secretários Adilson Pires (Assistência Social) e Tainá de Paula (Meio Ambiente), e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio André Ceciliano.

Na quinta-feira, Lula desembarca no interior de Pernambuco com objetivo de inaugurar a Unidade Elevatória da Adutora do Agreste, ramal que leva água da Transposição do Rio São Francisco até cidades do agreste pernambucano. Depois, vai a Goiana (a 64 km do Recife) participar da abertura da fábrica de medicamentos da Hemobrás na cidade.

De acordo com integrantes do PT pernambucano, espera-se que o presidente tenha conversas informais com João Campos sobre a disputa no Recife. Em janeiro, ambos jantaram juntos em um hotel da capital pernambucana e trataram do tema, segundo relatos feitos por pessoas que participaram do encontro.

Hoje, dois nomes tentam se cacifar como o indicado do PT à vice na chapa do prefeito: o deputado federal Carlos Veras e o ex-vereador Mozart Sales, que hoje trabalha com o ministro Alexandre Padilha.

Assim como Paes, o gestor da capital pernambucana também deseja deixar o cargo, caso reeleito, para disputar a sucessão da governadora Raquel Lyra (PSDB) e trabalha por um vice da sua estrita confiança. A secretária de Infraestrutura da cidade Marília Dantas, que também é do PSB, desponta com mais força para o posto.

Lula encerra a semana de viagens no Ceará, na sexta-feira, onde acompanhará o governador Elmano de Freitas (PT) em visita a obras da Ferrovia Transnordestina. Ao lado do líder petista, estarão dois pré-candidatos da silga à prefeitura de Fortaleza: o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, e a deputada federal Luizianne Lins.

A parlamentar tenta conquistar o apoio de correntes internas, mas é alvo de resistências de alas ligadas ao ministro da Educação Camilo Santana. O ex-governador costurou a filiação de Leitão ao partido e trabalha para emplacá-lo na corrida pela administração municipal.

Há ainda outros três nomes cotados internamente: os deputados estaduais Larissa Gaspar e Guilherme Sampaio, além de Artur Bruno, assessor especial no governo estadual.

Na capital cearense, petistas divergiam até mesmo sobre a maneira de definir o representante do partido na disputa pela prefeitura: se através de prévias, encontros municipais (processo mediado por delegados) ou por consenso. Nos últimos dias, decidiram que o nome será decidido em eleições de delegados.

Na reunião da Executiva Nacional, o PT ainda decidiu que Lula deve atuar para desatar os nós em Curitiba (PR) e em João Pessoa (PB). Na capital paranense, o diretório se divide entre apoiar a empreitada do prefeito Luciano Ducci (PSB) ou ter candidatura própria.

Em João Pessoa há dúvidas sobre caminhar com a deputada estadual petista Cida Ramos ou apoiar o atual prefeito Cícero Lucena, cujo padrinho político é o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP). A costura na capital paraibana envolve o presidente no contexto da tentativa de azeitar a relação do Palácio do Planalto com o Centrão, do qual o parlamentar faz parte.

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