Política

As táticas da bancada da bala contra as restrições às armas propostas por Lula

O movimento é capitaneado por parlamentares do PL, ligados a Bolsonaro, que tentam uma saída no Congresso para reverter a política anti-armamentista do governo Lula

As táticas da bancada da bala contra as restrições às armas propostas por Lula
As táticas da bancada da bala contra as restrições às armas propostas por Lula
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um apoiador ferrenho do aumento da circulação de armas. Foto: Reprodução/Redes Sociais Câmara do MPF critica Bolsonaro por portaria que afrouxou controle de armas
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Integrantes da chamada ‘Bancada da Bala’ tentam chegar a um meio-termo em relação à herança belicista do governo Bolsonaro e as recentes movimentações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para restringir o acesso às armas a cidadãos comuns.

O movimento é capitaneado por parlamentares do PL, ligados ao ex-capitão, mas também encontra apoio em deputados de legendas que integram a base do atual governo.

Para isso, apurou CartaCapital, ao menos oito projetos de lei foram protocolados na Câmara para derrubar o decreto a reverter uma série de medidas que flexibilizavam o acesso a armas de fogo no País. Parlamentares já haviam acionado o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça sobre o tema.

O ministro Gilmar Mendes, do STF, frustrou os planos dos bolsonaristas e suspendeu, em fevereiro, o julgamento de todos os processos que questionavam a “constitucionalidade, legalidade ou eficácia” da medida. Para o magistrado, não há “inconstitucionalidade” na medida, que serviria como “freio de arrumação” para conter a “vertiginosa flexibilização das normas de acesso a armas de fogo e munições no Brasil”.

Entre os principais pontos do decreto assinado por Lula está a suspensão dos registros para a compra e a transferência de armas e de munições de uso restrito por caçadores, colecionadores, atiradores e particulares e a redução dos limites para aquisição de armas e munições de uso permitido.

Agora, os deputados acreditam que a “saída será política” e esperam contar com a interlocução de Arthur Lira (PP) com o governo para chegar-se a uma “solução”. A aliados, o presidente da Câmara garantiu que buscaria o Planalto antes de pautar as matérias que questionam o decreto.

Os parlamentares ainda querem tornar sem efeito algumas portarias que prevê o recadastramento de todas as armas adquiridas a partir de maio de 2019. O prazo se encerra no dia 31 de março e o atraso na regulamentação pode implicar em sanções aos proprietários.

Cerca de 26 integrantes da Comissão de Segurança Pública se reuniram na última terça-feira 21 com o ministro Flávio Dino (PSB). A principal reivindicação dos parlamentares foi a ampliação do prazo para o recadastramento das armas.

Apesar da abertura para o diálogo, integrantes do governo dizem que não haverá “liberou geral”, como na gestão anterior. “Queremos dialogar com todo mundo, mas a farra [na concessão] vista sob Bolsonaro não voltará sob nenhuma hipótese”, disse a CartaCapital um auxiliar de Dino.

O fim do governo Bolsonaro fez com que a busca por armas de fogo no Brasil saltasse a níveis alarmantes. Um levantamento recente mostrou que, em média, mais de 2 mil armas de fogo foram registradas por CACs entre setembro e novembro de 2022. O volume atual é mais do que o dobro da média de 870 registros diários dos meses anteriores.

Ao todo, foram registradas 184 mil novas armas de fogo entre os meses de setembro e novembro. O volume representa mais de 60 mil equipamentos por mês. Até agosto, a média mensal era de apenas 26 mil.

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