Política

Fim do governo Bolsonaro impulsiona busca por armas de fogo no Brasil

Um levantamento do site UOL mostra que, em média, foram registradas mais de 2 mil armas por dia no País entre setembro e novembro deste ano

Imagem: Redes sociais e Diego Herculano/AFP
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A aproximação do fim do governo de Jair Bolsonaro (PL) fez com que a busca por armas de fogo no Brasil saltasse a níveis alarmantes. Um levantamento divulgado pelo site UOL nesta quinta-feira 8 mostra que, em média, mais de 2 mil armas de fogo foram registradas por CACs entre setembro e novembro deste ano. O volume atual é mais do que o dobro da média de 870 registros diários dos meses anteriores.

Ao todo, segundo o levantamento, foram registradas 184 mil novas armas de fogo entre os meses de setembro e novembro. O volume representa mais de 60 mil equipamentos por mês. Até agosto, a média mensal era de apenas 26 mil, conforme ressaltam os números monitorados pelo site.

Os dados da reportagem foram obtidos diretamente com o Exército via Lei de Acesso à Informação. Ao todo, em 2022, foram registradas 391,3 mil novas armas por CACs no País. O grupo majoritariamente é apoiador de Bolsonaro.

A alta nos registros neste último ano de governo Bolsonaro fez com que o volume de armas de fogo no País saltasse para 1,73 milhão. Os dados somam os equipamentos registrados até agosto deste ano. Em julho, quando ainda era pré-candidato à reeleição, o presidente celebrou a liberação desenfreada e chegou a mencionar que seu objetivo era, de fato, superar a marca do milhão de registros de posse para CACs no País no último ano de sua gestão. A declaração foi dada em resposta a Lula (PT), que, naquela ocasião, prometeu fechar clubes de tiros se fosse eleito – que passam dos 2 mil em todo o Brasil, destes, metade foi criado no atual governo.

A busca desenfreada de armas de fogo nesta reta final de governo não acontece por acaso. Lula, eleito para governar em 2023, já garantiu que irá rever os decretos de Bolsonaro que flexibilizaram o acesso aos equipamentos no País. Ao todo, são 43 atos normativos, entre decretos, resoluções, portarias e projetos de lei assinados pelo ex-capitão para permitir que civis – em especial os CACs — comprem e registrem cada vez mais armas. O ‘revogaço’ destas medidas é, inclusive, uma das primeiras ações que podem ser adotadas pelo novo governo.

As mudanças, vale dizer, são criticadas não apenas por facilitar o acesso aos armamentos, mas também por fragilizar o controle e fiscalização. Durante o atual governo, há casos emblemáticos em que fuzis comprados legalmente foram parar nas mãos de facções criminosas por conta da baixa efetividade do controle proposto pelo ex-capitão.

O tema das armas de fogo no Brasil, vale mencionar, está na mira da Justiça. O caso está no Supremo Tribunal Federal, onde poderá ser revertido, mas o julgamento ficou parado desde que o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro, pediu vistas no processo.

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