Justiça

AGU decide acionar o CNJ contra juiz que ligou Lula a furtos

Em 2022, circularam fake news de que o petista teria defendido que jovens roubem celulares para ‘tomar uma cervejinha’

O presidente Lula. Foto: Sergio Lima/AFP
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A Advocacia-Geral da União decidiu nesta segunda-feira 24 acionar o Conselho Nacional de Justiça contra o juiz José Gilberto Alves Braga Júnior, da comarca de Jales, no interior de São Paulo.

O magistrado insinuou, em decisão assinada no último sábado 22, que o presidente Lula colaboraria com o aumento no número de furtos de celulares. No despacho, o juiz decretou a prisão preventiva de um suspeito de cometer esse crime.

“Talvez o furto de um celular tenha se tornado prática corriqueira na capital, até porque relativizada essa conduta por quem exerce o cargo atual de presidente da República, mas para quem vive nesta comarca, crime é crime, e não se pode considerar como normal e aceitável a conduta de alguém que subtrai o que pertence a outrem”, afirmou Braga Júnior, no termo de audiência de custódia. A decisão foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Ao longo da campanha eleitoral do ano passado, circularam fake news de que Lula teria defendido que jovens roubem celulares para “tomar uma cervejinha”. A alegação fraudulenta nasceu da junção de dois trechos distintos de uma declaração de Lula em 2021.

Na ocasião, ele disse: “É uma coisa que está intimamente ligada. Ou seja, o cidadão teve acesso a um bem material, a uma casinha, a um emprego, e de repente o cara perde tudo. Então, vira uma indústria de roubar celular. Para que ele rouba celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho. Eu penso que essa violência que está em Pernambuco é causada pela desesperança”.

O petista não citou cerveja em sua declaração sobre os celulares. Em outra parte de seu discurso, afirmou: “É preciso distensionar para a sociedade perceber que a torcida do Santa Cruz e do Sport não são inimigas. São adversárias durante o jogo, depois vão para o bar tomar cerveja juntos. E ainda deixam o pessoal do Náutico batendo palma do lado”.

A alegação de que Lula teria defendido o roubo de celular para “tomar uma cervejinha” foi repetida inclusive pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante um debate na TV Globo.

Na última sexta-feira 21, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que o governo deve firmar “muito em breve” um acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações, operadoras de telefonia e a Federação Brasileira de Bancos para desestimular o furto e o roubo de celulares.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Públicadivulgado na semana passada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil teve 1 milhão de ocorrências de furto e roubo de celular em 2022.

A média no ano passado foi de 2.738 aparelhos por dia. Trata-se de um número recorde, com um aumento de 16,6% em relação a 2021.

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