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O balanço de mortos e feridos nos ataques dos EUA e do Reino Unido aos huthis no Iêmen

Bombardeio contra grupo rebelde apoiado pelo Irã faz crescer ainda mais a tensão instalada no Oriente Médio

Membros da Guarda Costeira do Iêmen ligados ao grupo Huthi patrulham o mar, em 4 de janeiro de 2024. Foto: AFP
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Pelo menos cinco pessoas morreram nesta sexta-feira 12 e seis ficaram feridas em bombardeios comandados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido contra os rebeldes huthis no Iêmen. A informação foi disseminada pelo porta-voz militar do movimento, Yahya Saree.

“Estes ataques causaram a morte de cinco mártires e feriram outros seis membros de nossas forças armadas”, afirmou Yahya Saree na rede social X.

Segundo a mesma publicação, os dois países ocidentais fizeram 73 bombardeios em várias áreas do Iêmen, entre elas a capital Saná e Hodeida. O Irã, um país aliado do grupo armado, avalia que os bombardeios violaram a soberania da região.

“Consideramos que é uma clara violação da soberania e integridade territorial do Iêmen, e uma violação das leis, regulamentos e direitos internacionais”, afirmou Nasser Kanaani, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã.

Os ataques

Na noite de quinta-feira 11, os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram os primeiros ataques aéreos contra os rebeldes huthis no Iêmen, em resposta às agressões desse grupo apoiado pelo Irã contra a navegação no Mar Vermelho.

Outros fortes ataques aéreos atingiram aeroportos e instalações militares no Iêmen nas primeiras horas desta sexta-feira 12, indicou a mídia oficial dos rebeldes e correspondentes da AFP no país.

“Nosso país enfrenta um ataque em massa de barcos, submarinos e aviões americanos e britânicos”, declarou o vice-ministro de Relações Exteriores huthi, Hussein Al-Ezzi, citado pela mídia rebelde.

“Os Estados Unidos e o Reino Unido devem estar preparados para pagar um preço alto e assumir as graves consequências desta agressão”, acrescentou.

Promessa de novos ataques

Após a repercussão do bombardeio, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também confirmou em um comunicado que os ataques atingiram “com sucesso” vários alvos huthis com o “apoio” da Austrália, Bahrein, Canadá e Países Baixos.

Biden afirmou, também, que “não hesitará” em “ordenar outras medidas” para proteger os Estados Unidos e o comércio internacional.

“Estes ataques seletivos são uma mensagem clara de que os Estados Unidos e nossos parceiros não irão tolerar ataques contra nosso pessoal nem permitirão que atores hostis coloquem em risco a liberdade de navegação em uma das rotas comerciais mais críticas do mundo”, acrescentou.

Tensão no Mar Vermelho

Os huthis têm realizado um número crescente de agressões na importante rota marítima do Mar Vermelho desde o início da guerra de Gaza com o ataque sem precedentes do grupo islamista Hamas contra Israel, em 7 de outubro.

A crescente onda de violência nas águas da região foi usada pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, como justificativa para a medida militar desta quinta. Em comunicado, ele esclareceu que a operação teve como alvo radares e mísseis dos rebeldes, que controlam uma faixa de território no Iêmen.

Em um comunicado conjunto, Washington e seus aliados deixaram claro que a intenção dos ataques é “reduzir as tensões e restabelecer a estabilidade” no Mar Vermelho, “defendendo vidas humanas” e protegendo “a livre circulação do comércio”.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, considerou em uma declaração que os ataques foram “medidas limitadas, necessárias e proporcionadas em legítima defesa”.

Essa retaliação ocidental aumenta o risco de transformar uma situação já tensa no Oriente Médio em um conflito mais amplo que envolva os Estados Unidos e Israel contra o Irã e seus aliados regionais.

A Arábia Saudita expressou “grande preocupação” com as operações militares no Mar Vermelho e os bombardeios contra o país vizinho, pedindo “moderação e evitar uma escalada” em um comunicado de seu Ministério das Relações Exteriores.

Os rebeldes huthis afirmam estar agindo em resposta à ofensiva israelense na Faixa de Gaza e têm lançado uma série de drones e mísseis em direção a Israel.

Esse grupo controla grande parte do Iêmen desde o início da guerra civil em 2014 e faz parte do chamado “eixo de resistência” contra Israel, apoiado pelo Irã.

Os Estados Unidos e seus aliados haviam emitido uma série de advertências cada vez mais severas aos huthis para que cessassem os ataques marítimos, embora ao mesmo tempo demonstrassem cautela quanto aos riscos de intensificar as tensões regionais no Oriente Médio.

Os alertas

Em dezembro, Washington formou uma coalizão internacional para proteger o tráfego marítimo na região, por onde passa 12% do comércio mundial.

Doze nações lideradas pelos Estados Unidos advertiram então os huthis, em 3 de janeiro, de “consequências” se os ataques a navios comerciais não parassem imediatamente.

Mas, na noite de terça-feira, os rebeldes lançaram o que Londres chamou de o ataque mais significativo até o momento do grupo iemenita: as forças americanas e britânicas derrubaram 18 drones e três mísseis.

O secretário de Defesa britânico, Grant Shapps, disse na quarta-feira que “já chega”.

O Conselho de Segurança da ONU também instou, naquele dia, ao cessar imediato dos ataques navais, advertindo sobre uma ameaça à paz e segurança regionais.

A gota d’água para os aliados ocidentais parece ter ocorrido na manhã de quinta-feira, quando o Exército americano declarou que os rebeldes haviam disparado um míssil balístico antinavio contra uma rota marítima no Golfo de Aden.

Segundo o Exército americano, foi o 27º ataque à navegação internacional no Mar Vermelho desde 19 de novembro.

A intensificação das agressões levou as companhias de navegação a evitar a rota e contornar o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, gerando temores de perturbações na economia mundial.

Os huthis afirmam que atacam apenas navios vinculados a Israel ou a seus aliados.

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