Mundo

Brasileiros criam comitê pela liberdade de Julian Assange e temem extradição para os EUA

O anúncio ocorreu em um encontro virtual com a esposa do jornalista, Stella Assange

O fundador do Wikileaks, Julian Assange. Foto: Ben Stansall/AFP
Apoie Siga-nos no

Personalidades brasileiras ligadas à defesa dos direitos humanos anunciaram a criação de um comitê pela liberdade do jornalista australiano Julian Assange, preso desde 2019, em Londres. Ele pode ser extraditado para os Estados Unidos nas próximas semanas.

O anúncio ocorreu na quinta-feira 24, durante um encontro virtual com a participação da esposa do jornalista, a advogada Stella Assange, e do jornalista Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks.

Os dois foram recebidos na reunião pelos ex-ministros Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo Vannuchi e Luiz Carlos Bresser-Pereira; o advogado criminalista e ex-secretário de Justiça de São Paulo Antônio Claudio Mariz de Oliveira; e José Luiz Del Roio, ex- senador na Itália.

O comitê deverá atuar no meio jurídico e em contato com lideranças políticas e fontes diplomáticas, especialmente europeias, para que rompam o silêncio em torno do caso.

Durante o encontro, Stella Assange defendeu a adoção de estratégias para atenuar o que poderia ser o pior desfecho: a remoção forçada de Assange para uma prisão americana de segurança máxima, para cumprir uma pena que pode chegar a 175 anos.

Prevalece na Justiça britânica a tese de acatar e executar o pedido de extradição apresentado pelos Estados Unidos.

“Temos pela frente a nossa última linha de defesa”, declarou Stella. “Precisamos aumentar a pressão sobre os países para que se manifestem em relação a este caso, que é um escândalo repleto de ilegalidades.”

Ela mencionou que o marido foi enquadrado na Lei de Espionagem dos Estados Unidos e que, por ser estrangeiro, ele não contará com a proteção da 1ª Emenda da Constituição americana, a assegurar a liberdade de expressão.

No encontro online, Hrafnsson afirmou que “qualquer pessoa interessada no devido processo legal deve se interessar pelo destino de Julian Assange” e que “trata-se de um caso de flagrante violação de direitos humanos e de princípios”.

“As revelações do Wikileaks, em parceria com grandes veículos da imprensa, expuseram abusos cometidos contra milhares de civis em guerras, além de outras violações registradas em telegramas diplomáticos. Talvez tenha sido a maior empreitada jornalística da década.”

Para Stella e Kristinn, o apoio declarado do presidente Lula a Julian Assange e a atual presença internacional do Brasil são fatores decisivos para tentar barrar a extradição.

Em 2010, Assange publicou aproximadamente 250 mil arquivos, entre fotos, vídeos e documentos do Pentágono, que revelaram crimes de guerra cometidos por militares norte-americanos no Iraque e no Afeganistão.

Por meio da produção de Assange, chefes de Estado também descobriram que eram espionados por agências dos Estados Unidos, a exemplo da ex-presidenta Dilma Rousseff, que teve linhas telefônicas oficiais grampeadas pela National Security Agency. Desde então, o fundador do WikiLeaks passou a ser acusado de pelo menos 18 crimes relacionados a espionagem.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo