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Argentinos vão às ruas no aniversário do ‘corralito’ e desafiam protocolo contra protestos do governo Milei

Marcha deverá atravessar o Congresso rumo à Praça de Mayo, em Buenos Aires

Piqueteiros protestam em frente à Casa Rosada. Foto: Luis Robayo/AFP
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Os argentinos irão às ruas, nesta quarta-feira 20, naquele que deverá ser o primeiro protesto organizado após a chegada de Javier Milei à presidência do país. O ato está marcado para acontecer na capital, Buenos Aires. O eixo principal da marcha partirá do Congresso até a Praça de Mayo, tradicional rota de piquetes do centro portenho, mas passará pelas principais vias da cidade. 

A marcha é promovida por movimentos populares e organizações sociais do país, que se articulam por meio do bloco Unidad Piquetera (UP). A UP conta com cerca de 35 organizações argentinas e espera levar ao menos 50 mil pessoas às ruas.

O motivo da convocação do movimento é a comemoração dos protestos históricos de 20 de dezembro de 2001, que paralisaram o país e levaram à renúncia do ex-presidente Fernando De La Rúa naquele ano, após a mais grave crise econômica e social da história da Argentina.

Apesar do fundo histórico, os protestos de hoje deverão ser direcionados contra o forte plano de ajuste anunciado pelo governo Milei na semana passada, que catapultou a já alta inflação no país, levando a constantes remarcações nos preços dos itens básicos nos supermercados. A expectativa é que a inflação em dezembro fique na casa dos 30%.

Além disso, a marcha de hoje será o primeiro teste do protocolo anunciado por duas figuras importantes do novo governo contra as ações de massa que paralisem ruas. 

Patricia Bullrich, ministra da Segurança, e Sandra Pettovello, ministra do Capital Humano, prometem impedir protestos feitos nas ruas, ameaçando a população com um corte de benefícios sociais das pessoas presentes.

Apesar da medida, os organizadores dos protestos garantem que a marcha vai acontecer e afirmam que o protocolo do governo Milei é “ilegal”. “Aqui mudou um governo, não um regime político”, denunciaram Eduardo Belliboni, dirigente do grupo Polo Obrero, Gabriel Solano e Vanina Biassi, deputados do bloco Frente de Izquierda

O grande desafio para o governo será ter capacidade de monitorar os presentes e, em caso de identificação, operacionalizar a retirada do benefício. 

Basicamente, o governo Milei pretende desmantelar a rede de assistência social, já que o governo argentino paga um benefício específico – o PotenciAR Trabajo – para que pessoas desocupadas possam trabalhar em cooperativas administradas por organizações sociais. 

O governo acusa as organizações sociais de cobrarem dos beneficiários que se façam presentes em protestos, como forma de retribuição pelo repasse do benefício. As organizações, por outro lado, negam a prática.

Apesar do número de organizações envolvidas nos protestos de hoje, algumas das principais entidades de classe da Argentina não estarão presentes. Entre elas, estão a Confederación General del Trabajo (CGJ) e o Movimento Evita. Ambas são as entidades com maior capacidade de mobilização e agregam uma maior quantidade de usuários de benefícios sociais.

Só em 2023, a Argentina realizou mais de 7,7 mil piquetes em todo o país, segundo dados da consultoria Diagnóstico Político, que monitora o tema. O número ainda é menor do que o total realizado em 2022, quando aconteceram cerca de 9 mil eventos da mesma natureza.

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