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Após anunciar arrocho, governo Milei lança plano para sufocar protestos na Argentina

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, prometeu usar ‘força proporcional à resistência’ ao lidar com bloqueios nas ruas

Patricia Bullrich e Javier Milei. Foto: Juan Mabromata/AFP
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A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou nesta quinta-feira 14 um protocolo “antipiquetes”, a fim de sufocar manifestações populares que envolvam o bloqueio de vias públicas.

A divulgação do plano ocorre dois dias depois de o governo do ultradireitista Javier Milei lançar seu primeiro pacote de arrocho fiscal, o que tende a acelerar o avanço da inflação e impulsionar protestos populares.

Nesta quinta, Bullrich prometeu usar “força proporcional à resistência” ao lidar com bloqueios nas ruas, uma tradicional forma de protesto na Argentina. “Se ocuparem as ruas, haverá consequências. Vamos ordenar o país para que as pessoas possam viver em paz.”

Ela advertiu, também, que haverá sanções para quem levar crianças aos piquetes. “Não vamos permitir que as usem como escudos”, alegou.

Entre os itens do protocolo anunciado por Bullrich estão:

  • as quatro forças federais, com o reforço do serviço penitenciário federal, intervirão diante de  bloqueios, sejam parciais ou totais. “A lei não é aplicada pela metade”, afirmou a ministra;
  • os agentes usarão uma força proporcional à resistência;
  • o governo promete identificar autores e instigadores dos bloqueios;
  • um juiz competente será notificado em caso de danos ambientais durante as manifestações;
  • haverá sanções a quem levar menores de idade aos bloqueios;
  • os custos ligados às operações de segurança serão cobrados das organizações ou dos indivíduos responsáveis;
  • haverá um registo das organizações que participam desse tipo de protesto e que agem como porta-vozes das manifestações.

Na terça-feira 12, três dias depois de assumir a Presidência, Milei divulgou um duro plano de ajuste fiscal. Entre as medidas, estão:

  • não renovar contratos de trabalho com vigência inferior a um ano;
  • interromper por um ano a publicidade do governo na imprensa;
  • reduzir os ministérios de 18 para 9 e as secretarias de 106 para 54;
  • reduzir “ao mínimo” as transferências do governo nacional para as províncias;
  • não promover licitações de obras públicas e cancelar as licitações de obras que ainda não começaram;
  • reduzir os subsídios para energia e transportes;
  • desvalorizar a moeda argentina, com a fixação do dólar em 800 pesos (hoje, custa menos de 400);
  • trocar o sistema de importações por um que não exigirá informações de licença prévia.

O pacote de ajuste tende a intensificar o drama da inflação, que atingiu em 12 meses um crescimento de 160,9%.

No ano, o índice chegou a 148,2%. Só em novembro, os preços ao consumidor subiram 12,8%, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Os setores com altas mais expressivas foram saúde (15,9%), alimentos e bebidas não alcoólicas (15,7%) e comunicação (15,2%).

Milei advertiu que os próximos meses serão “duros” e que as coisas devem piorar antes de, supostamente, melhorar. Ele alega, porém, que tenta evitar uma hiperinflação, o que a Argentina vivenciou em 1989 e 1990.

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