Justiça

STF invalida lei que facilitava porte de arma para atirador esportivo no Mato Grosso do Sul

Corte está analisando leis estaduais que tratam do tema; casos foram protocolados pelo governo Lula

STF invalida lei que facilitava porte de arma para atirador esportivo no Mato Grosso do Sul
STF invalida lei que facilitava porte de arma para atirador esportivo no Mato Grosso do Sul
Foto: Freepik/Reprodução
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O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a lei do estado de Mato Grosso do Sul que facilitava o porte de arma de fogo para atiradores desportivos. Em julgamento a ser encerrado nesta terça-feira 22, todos os ministros votaram pela derrubada da regra estadual, que alegava risco na atividade de atirador para fornecer o porte do equipamento.

Em seu voto, o relator da ação, o ministro Dias Toffoli, apontou que a lei estadual, ao definir como atividade de risco a atividade de atirador desportivo, desconsiderou regulamentações do âmbito federal, como o Estatuto do Desarmamento em vigor no País. 

“Além de não deter competência formal para legislar acerca de material bélico, o estado do Mato Grosso do Sul ainda o fez de forma contrária às regulamentações da União acerca do assunto”, concluiu o ministro.

A derrubada da lei do Mato Grosso do Sul sobre CACs faz parte de um julgamento mais amplo, em que o STF analisa ao menos 10 legislações estaduais sobre o porte de armas de fogo. 

Os casos foram abertos pela União sob o argumento de que os governadores romperam com a competência do tema ao sancionarem regras próprias para o assunto. 

Leis armamentistas do Mato Grosso do Sul, Sergipe, Alagoas, Espírito Santo, Minas Gerais e Roraima estão na mira do pedido protocolado no STF pela Advocacia-Geral União.

Apesar das leis estaduais que facilitaram o acesso às armas estarem sendo anuladas pelo Supremo, deputados federais pressionam para que a Câmara dos Deputados vote um projeto de lei que visa flexibilizar as regras estaduais para porte de armamento. 

A proposta, de autoria da deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL), visa autorizar que estados e o Distrito Federal legislem sobre a posse e porte de armas para defesa pessoal, prática esportiva e controle de espécies invasoras na fauna. O PL tramita na Comissão de Constituição e Justiça. Caso aprovado, será levado à análise do Plenário da Casa. 

A discussão sobre temas em paralelo com o STF marca um novo embate travado pelo Congresso com a Corte. 

Diante do entrave, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu à Corte que recomende à Câmara dos Deputados a suspensão da tramitação do projeto.

A ideia do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado é que a interrupção vigore até o TCU realizar estudos técnicos e jurídicos sobre a matéria. Cabe ao ministro Bruno Dantas decidir se acolhe ou não a solicitação.

Na representação, Furtado diz que o projeto é “inconstitucional”, uma vez que a fiscalização e a comercialização de armamentos são de “competência exclusiva da União”.

O documento também menciona um relatório produzido pelo TCU que identificou a emissão de licenças de CACs a condenados por homicídio durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Mais de 5 mil pessoas que cumpriam pena teriam recebido aval do Exército para obter ou renovar seus registros de armas. 

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