Justiça

PCC já tem ‘contornos de máfia’, diz o MP sobre elos entre a facção e empresas de ônibus

O promotor de Justiça, Lincoln Gakiya, detalhou o esquema criminoso de lavagem de dinheiro envolvendo a facção

Da esquerda para a direita: o secretário de Estado da Segurança Pública, Guilherme Derrite; Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO); o procurador-geral de Justiça em exercício, Fernando José Martins; o subprocurador-geral de Justiça de Políticas Criminais, Fábio Kalaf; e o Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) — Foto: MPSP
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O promotor de Justiça Lincoln Gakiya afirmou, nesta terça-feira 9, que a ação do Primeiro Comando da Capital (PCC) sobre a frota de ônibus de São Paulo revela que “a facção já tem tomado contorno de máfia”.

“O que nos preocupa é que a organização está tomando tamanho de máfia, se infiltrando no estado, participando de licitações de estado”, ressaltou o promotor. “Isso é característico de máfias, como a gente já viu na Itália”. 

Trata-se da operação deflagrada pelo Ministério Público do Estado que prendeu dirigentes de duas organizações criminosas suspeitas de lavar dinheiro para o PCC por meio do transporte público na capital paulista.

As duas empresas de ônibus, a Upbus e a TW, receberam mais de 800 milhões da Prefeitura de São Paulo.

De acordo com ele, a infiltração nos poderes do Estado também está presente em outras áreas, como saúde e coleta de lixo e assistência social, em investigação pelas forças de segurança. “Já estão participando de disputa de licitação no poder público municipal”, alertou Gakiya.

Em sua fala, o promotor enfatizou que não foi constatada nenhuma omissão por parte do poder público e que não haverá paralisação dos transportes. 

A Justiça autorizou o afastamento da direção das empresas alvo da operação e o sequestro de quase 600 milhões de reais em bens de investigados. 

Presente na coletiva, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que já nomeou interventores do município na gestão das empresas citadas na operação.

O diretor de planejamento da SPTrans, Valdemar Gomes de Melo, atuará na Transwolff e o diretor de operações da SPTrans, Wagner Chagas Alves, foi indicado para a Upbus.

Entenda 

A força-tarefa, batizada de Operação Fim da Linha, é uma cooperação entre o MP-SP, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Polícia Militar, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Receita Federal.

A investigação estendeu-se por quase cinco anos. Durante esse período, acumularam-seevidências de que as empresas investigadas eram utilizadas pelo PCC para lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de outras atividades ilícitas. A suspeita é de que o crime organizado esteja infiltrado no transporte público de São Paulo desde os anos 1990. 

Nesta terça-feira 9, a operação cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão na capital paulista e em outras cidades da região metropolitana e do interior.

O dono da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como “Pandora”, foi preso dentro de casa. Já Silvio Luis Ferreira, o “Cebola”, sócio da UPBus está foragido. 

Os outros presos foram Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da Transwolff, preso na garagem da empresa.

Joelson Santos da Silva, sócio e representante legal de um escritório de contabilidade que dava suporte ao esquema da Transwolff e Elio Rodrigues dos Santos, que apesar de não ser alvo da operação, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma. 

Foram apreendidas também mais de 813 munições, 161 mil reais em espécie, 3.290 dólares, duas barras de ouro, joias, relógios, documentos diversos, três lanchas e até mesmo um helicóptero.

Além disso, as decisões judiciais determinaram o bloqueio de bens dos investigados, totalizando um valor máximo próximo a 600 milhões de reais. Também foi ordenado que os executivos das empresas investigadas se afastassem de suas funções. Cinco deles, ligados à UPBus, terão de cumprir medidas cautelares – entre elas, a proibição de frequentar a empresa e de se ausentar da cidade sem comunicação prévia à Justiça.

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