Justiça
Gilmar Mendes vota para receber denúncia contra Carla Zambelli no caso da perseguição armada
No plenário virtual, ministro optou por aceitar a denúncia e tornar a deputada ré no episódio ocorrido na véspera da eleição


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, votou contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) no julgamento sobre a perseguição armada contra um homem, em São Paulo, na véspera da eleição. O voto, por aceitar a denúncia e tornar a parlamentar ré, foi dado em plenário virtual na primeira hora desta sexta-feira 11.
O caso chegou ao Supremo via denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra a parlamentar. Ela é acusada de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
O episódio em questão ocorreu em outubro do ano passado, pouco antes do segundo turno da eleição. Em São Paulo, ela sacou a arma e perseguiu um jornalista. Politicamente, aliados de Jair Bolsonaro alegam que o episódio foi decisivo para a derrota do ex-capitão.
Na denúncia que está sendo avaliada no STF, a PGR pediu que a deputada seja multada em 100 mil reais por danos morais coletivos. Pede-se, ainda, que ela perca a autorização para ter arma de fogo.
Por enquanto, apenas Gilmar Mendes, relator, votou no caso. Se os demais ministros seguirem o entendimento do ministro, ela se tornará ré e o processo passará a correr, com apresentação de defesa e juntada de provas.
No voto inserido no plenário virtual, Gilmar Mendes alegou que Zambelli usou a arma “fora dos limites de defesa pessoal, em contexto público e ostensivo, ainda mais às vésperas das eleições” e que isso, “em tese, pode significar responsabilidade penal”.
Para o ministro, não é possível oferecer no caso um acordo de não persecução penal. A defesa de Zambelli tem dito, em nota, que vai demonstrar que foi a “verdadeira vítima” no caso. Ela alega que sacou a arma após sofrer agressões e ameaças.
Leia a íntegra do voto de Gilmar Mendes no caso:
5821925Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Ato pedagógico’: vice-presidente do PT vota para arquivar processos contra Nikolas e Zambelli
Por Wendal Carmo
Conselho da Ética arquiva processo que poderia levar à cassação de Zambelli
Por Victor Ohana
Não atendo telefonemas de Zambelli e nunca mais estive com ela, diz Bolsonaro
Por CartaCapital
Carla Zambelli processa jornalista perseguido por ela sob a mira do revólver em São Paulo
Por Wendal Carmo