Política
Carla Zambelli processa jornalista perseguido por ela sob a mira do revólver em São Paulo
O motivo da representação é a publicação de um texto em que o jornalista critica a deputada
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ingressou com ação por difamação contra o jornalista Luan Araújo, alvo da perseguição à mão armada da parlamentar nas ruas de São Paulo durante o segundo turno das eleições em 2022.
O motivo da representação é a publicação de um texto no site Diário do Centro do Mundo, em que o jornalista critica a apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na publicação, Luan diz que sofreu “diversos ônus desde aquele dia” e viu sua vida pessoal virar “de cabeça para baixo”.
Na última sexta-feira 28, o juiz Fabricio Reali Zia, da Vara do Juizado Especial Criminal de São Paulo, determinou a remoção do texto no prazo de 48 horas e pediu a realização de uma audiência preliminar sobre o caso.
O magistrado disse considerar que o teor da publicação “ultrapassa os limites da narração crítica acerca de um desentendimento ocorrido entre as partes”.
O advogado de Carla Zambelli, Daniel Bialski, ressaltou que é preciso lembrar que a deputada, na ocasião da perseguição, foi “ofendida, provocada e xingada” e justificou a queixa-crime na necessidade de “fazer cessar esse discurso de ódio contra ela”.
Procurado por CartaCapital, Luan Araújo disse que a ação é “uma estratégia da defesa para tentar ganhar tempo ” e afirmou ainda não foi comunicado da decisão.
O episódio envolvendo Zambelli e o jornalista será alvo de análise dos ministros do Supremo Tribunal Federal em agosto. Durante julgamento no plenário virtual da Corte, que acontecerá entre os dias 11 e 21, os magistrados decidirão se torna a parlamentar ré por porte ilegal de arma de fogo.
Em 29 de outubro, véspera do segundo turno da eleição, a deputada causou espanto ao sacar uma arma em público e perseguir um homem na capital paulista. A cena foi gravada e circulou nas redes sociais.
Nas imagens, é possível ver pessoas correndo e a bolsonarista com a arma em punho, entrando em uma lanchonete e ordenando, aos gritos, que um homem negro deitasse no chão. Em outro registro, nota-se um estampido.
Caso os ministros aceitem a representação, a deputada poderá apresentar sua defesa e o processo seguirá para a fase de coleta das provas. Na sequência, o STF decidirá se condena ou não a parlamentar pelos crimes apontados na denúncia.
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