Economia

Após regra fiscal, Haddad prepara pacote de 12 medidas para facilitar o crédito

O ministro criticou os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito, classificados como ‘uma exorbitância que precisa ser corrigida’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Sergio Lima/AFP
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira 31 que apresentará em abril uma série de medidas para “melhorar o ambiente do crédito” no Brasil.

A declaração vem na esteira da apresentação da nova regra fiscal do País, a substituir o teto de gastos. O texto foi formalmente apresentado na quinta-feira 30 e chegará ao Congresso Nacional na primeira quinzena de abril.

Haddad criticou diretamente os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito, classificados como “uma exorbitância que precisa ser corrigida”.

“Em abril, vamos soltar várias medidas, mais ou menos 12, na área de crédito, para melhorar o ambiente de crédito”, disse o ministro nesta sexta. Ele citou, sem fornecer detalhes:

  • Aval para parcerias público privadas, “que são grandes investimentos em infraestrutura”;
  • “Debêntures que não pagam Imposto de Renda”; e
  • “Garantias concedidas no sistema de crédito para baixar o chamado spread, que é quanto o juro cobra a mais do que ele paga de captação”.

Nesta semana, depois de o Conselho Nacional de Previdência Social aprovar um aumento de 1,70% para 1,97% no teto de juros para a concessão de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas do INSS, bancos anunciaram a retomada da oferta de crédito nessa modalidade. A medida foi vista como uma conquista por Haddad.

O tema havia se convertido em polêmica após o Conselho aprovar em 13 de março uma queda no índice para 1,70%, o que levou bancos a suspenderem a oferta de crédito.

Haddad também declarou nesta sexta que a receptividade à nova regra fiscal “foi muito boa”, mas ainda “há alguns detalhes que terão de ser equacionados no tempo, porque o arcabouço fiscal é só o começo de um trabalho de recuperação das contas públicas para ampliar o nosso horizonte de planejamento e investimento”.

Ele manteve em Brasília uma agenda com representantes da indústria e afirmou que o novo marco comporta “várias demandas” do setor, “como uma espécie de novo Plano Safra para a indústria”.

“O Plano Safra é muito conhecido porque é algo muito transparente, com o qual os economistas no geral concordam, que é de fomento ao incremento da produção agrícola no País que trouxe ganhos de produtividade expressivos durante décadas”, avaliou.

Segundo ele, “estão começando a se desenhar (no ministério) alguns programas voltados para isso com a transparência que tem o Plano Safra”.

Em linhas gerais, a proposta de nova regra fiscal:

  • fixa o limite de crescimento dos gastos a 70% da variação da receita primária nos 12 meses anteriores (com fechamento em julho). Por exemplo: se o total arrecadado for de 1.000 reais, o governo poderá subir suas despesas em no máximo 700 reais;
  • cria uma banda, ou seja, um intervalo para a meta de resultado primário das contas públicas – a diferença entre o que o governo arrecada e o que ele gasta, excluindo o pagamento de juros da dívida pública. A banda prevê crescimento real da despesa (acima da inflação) entre 0,6% (piso) e 2,5% (teto) ao ano;
  • projeta que se o resultado primário das contas ficar acima do teto da banda, a parte excedente poderá ser utilizada para aumentar os investimentos. A recíproca, porém, está presente: se o resultado primário ficar abaixo do intervalo estipulado, as receitas só poderão crescer até 50% da receita no exercício seguinte; e
  • tem o objetivo de zerar o déficit das contas públicas em 2024, transformá-lo em superávit de 0,5% do PIB em 2025 e gerar um superávit de 1% em 2026.

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