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O plano de Lula para enfrentar o crime organizado na Amazônia

Facções têm diversificado a atuação e, além do narcotráfico, atuam em áreas como grilagem, venda ilegal de madeiras e até pesca clandestina

Foto: EVARISTO SA / AFP
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O presidente Lula (PT) detalhou, nesta quinta-feira 3, seu plano para enfrentar a atuação do crime organizado na Amazônia. A ideia envolve a Polícia Federal, as Forças Armadas e combina esforços com países da fronteira.

Segundo Lula, o ponto principal do plano partiu de Flávio Dino, ministro da Justiça e da Segurança Pública. O chefe da pasta quer criar uma base da PF em Manaus para ampliar a presença das forças de segurança na região.

“Flávio Dino apresentou uma proposta que vai ter uma base da PF em Manaus para ter uma atuação em todo o território Amazônico. A gente quer combinar com a participação das Forças Amadas, com a participação dos ministros da Defesa dos países vizinhos, e a gente quer combinar com as polícias dos outros países”, detalhou Lula em uma entrevista a um conjunto de rádios da região amazônica.

O petista argumenta que, na região da floresta, o crime organizado tem atuado não apenas no tráfico de drogas, como era habitual, mas também passou a se envolver em outras ilegalidades, como garimpo e comércio de madeira. Em fevereiro de 2022, CartaCapital já detalhou como tem funcionado a atuação do PCC e do Comando Vermelho na Amazônia. Desde então, a situação pouco mudou. Lula, no entanto, promete uma atuação mais rigorosa do que na gestão passada.

“Vamos ser muito duros com isso. Vamos fazer uma reunião com todos os prefeitos das cidades amazônicas, vamos discutir uma política de combater tudo que for ilegal”, disse.

“Vamos colocar a PF com uma base central em Manaus para atuar em conjunto com todos outros estados, vamos fazer convênio com os países fronteiriços para que a gente possa combater o crime organizado, ao narcotráfico, ao garimpo ilegal, aos madeireiros ilegais. Vamos tentar convencer os nossos parceiros de que precisamos trabalhar de forma unida para combater o crime organizado, o narcotráfico e cuidar do nosso povo que mora na floresta”, insistiu mais adiante.

Na conversa, Lula também tratou de outro ponto polêmico na região: o projeto de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, liderado pela Petrobras. O tema causou um racha na equipe de governo e, até agora, não foi definido. O Ibama, neste momento, avalia um novo pedido da estatal após a primeira negativa. A decisão não tem data para ser tomada e, segundo Rodrigo Agostinho, que comanda o órgão, não será tomada por pressão política.

Lula sinaliza ser partidário, ainda que com ressalvas, da exploração. Na entrevista, porém, fez um alerta sobre a necessidade de se ter garantias de que um desastre ambiental e social não será desencadeado pelo projeto. Essa era, segundo especialistas, a principal falha da proposta da Petrobras em sua primeira versão. A petroleira, mais recentemente, argumentou ter corrigido os pontos na nova solicitação.

“Primeiro, temos que pesquisar, temos que saber se tem aquilo que a gente pensa que tem. Quando a gente achar, a gente vai tomar decisão do Estado brasileiro, o que a gente vai fazer, como explorar, como é que a gente pode explorar, como é que a gente pode evitar que um desastre qualquer possa prejudicar a nossa querida margem do Oceano Atlântico na Amazônia”, avaliou o presidente sobre o caso.

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