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Lula pressiona Senado para emparedar Campos Neto
Presidente disse que não há explicação para patamar atual da Selic e que o Senado tem responsabilidade sobre presidente do BC; Lula defendeu, ainda, meta de inflação menos rígida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Senado tem responsabilidade na manutenção de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central (BC). Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira 29, o presidente disse que o Senado terá que “ver como lida com ele”, sem se referir nominalmente ao presidente do BC.
“Você tem um cidadão que me parece que não entende absolutamente nada de País, não entende nada de povo, não tem sentimento com o sofrimento do povo, e mantém uma taxa de juros para atender os interesses de quem? A quem que esse cidadão está servindo neste momento?”, questionou Lula.
Ao tratar do papel do Senado na questão, Lula afirmou: “O Senado tem responsabilidade, porque foi o Senado que indicou e aceitou a indicação do ex-presidente [Jair Bolsonaro]” de Campos Neto à presidência do BC.
“Se esse cidadão [Campos Neto] cumprir com as suas funções tais quais foram aprovadas pelo Senado, ótimo. Eu pouco me preocupo que seja autônomo, ou não, o Banco Central. Eu quero é que ele funcione“, disse Lula.
Lula repetiu então sua tese de que não há “nenhuma explicação econômica, sociológica e filosófica para que essa taxa de juros esteja em 13,75%”. Segundo o presidente, “todos são contra essa taxa de juros”.
O presidente tratou, ainda, da meta de inflação no país. O Brasil adota, desde 1999, um regime de metas de inflação, visando controlá-la. Para 2023, a meta estabelecida é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5% para mais ou menos.
Lula evitou se aprofundar na questão, uma vez que o Conselho Monetário Nacional (CMN) irá se reunir hoje, mas disse que, “como cidadão brasileiro”, pensa que “o Brasil não precisa ter uma meta de inflação tão rígida, como estão querendo agora, sem alcançar”.
Na última quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o CMN vai discutir uma possível mudança no modelo de metas. Atualmente, o Brasil adota um modelo conhecido como ano-calendário, ou seja, fazendo com que o CMN defina uma meta de inflação para cada ano. Nos últimos meses, Haddad, que compõe o órgão, defende que o Brasil promova uma meta contínua e que não esteja limitada ao período de um ano.
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