O ex-presidente Lula (PT) voltou a afirmar que, caso seja eleito a um terceiro mandato, pretende colocar em pauta políticas para a descriminalização do aborto no Brasil por se tratar de uma questão de saúde pública. A posição já havia sido externada e causado polêmica entre os setores conservadores. O petista, no entanto, rebateu, afirmando que o tema vai além de qualquer convicção pessoal e se trata de um dever do Estado.
“É preciso transformar o aborto em uma questão de saúde pública. Essas pessoas que querem abortar devem ter o direito de se tratar na saúde pública”, destacou. “Ora, mesmo eu sendo pessoalmente contra o aborto, ele existe e existe de forma diferente para quem tem um poder aquisitivo bom. Essa pessoa procura uma clínica boa, quem sabe até no exterior, e vai se tratar. E a pessoa pobre? Como ela faz?”, questionou Lula.
Para ele, a revolta de setores conservadores a respeito da sua manifestação pública pela descriminalização da prática e em defesa da saúde e dos direitos das mulheres é ‘injustificada’.
“Eu não quero saber porque ela está abortando, mas o Estado tem que cuidar. Não sei qual é o desentendimento que as pessoas têm sobre isso. É apenas uma questão de bom senso. Ele existe por mais que a lei proíba e a religião não goste”, defendeu o ex-presidente.
Na América Latina e em países da Europa a política defendida por Lula já tem sido adotada. A descriminalização foi defendida, inclusive, na Organização Mundial da Saúde no início de março. Segundo a entidade, 25 milhões de mulheres são postas em perigo todos os anos em clínicas e procedimentos clandestinos.
As movimentações mais recentes em torno do tema ocorreram na Colômbia, que descriminalizou o aborto nas primeiras 24 semanas de gravidez; na França, quando o direito foi estendido para até 14 semanas; e no Chile, onde o direito foi incluído no novo projeto de Constituição do país.
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