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Candidato de Bolsonaro no Rio, Cláudio Castro se nega a criticar Lula
Segundo o governador, que é do partido do ex-capitão, os mandatos do petista tiveram ‘coisas boas e ruins’, mas o tema não seria de sua alçada
O candidato de Jair Bolsonaro ao governo do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), negou-se a fazer qualquer crítica ao ex-presidente Lula (PT) em entrevista ao jornal O Globo nesta segunda-feira 16. Apesar de se dizer apoiador do ex-capitão, o político afirmou que não pretende repetir o embate nacional na disputa pelo comando do estado, pois seu objetivo também seria atrair eleitores de esquerda.
“Sou apoiador do Bolsonaro, nunca neguei o alinhamento a ele, mas sempre tem gente querendo criar confusão nisso. Não vou criticar o Lula porque estou preocupado com o estado. Enxergo com pragmatismo. Os dois mandatos dele tiveram coisas boas e ruins. Meu papel é falar do Rio e não quero nacionalizar a eleição estadual”, respondeu ao ser questionado sobre os motivos de nunca fazer críticas públicas ao petista.
A posição é vista como mais um indício de que Castro estaria tentando afastar sua candidatura de Bolsonaro, já que o ex-capitão teria grandes chances de perder a disputa no Planalto, segundo as principais pesquisas eleitorais. O apoio do ex-capitão a um candidato também não é o que mais atrai eleitores na disputa regional, de acordo com levantamento recente realizado pelo instituto Datafolha.
Nos bastidores, aliados de Castro confirmam também a tentativa de construir um improvável arranjo que sugere voto em Lula para presidente, Castro para governador e André Ceciliano (PT) para o Senado Federal. A construção da ‘chapa informal’ foi noticiada por CartaCapital na última sexta-feira 13. Formalmente, o PT irá compor com Marcelo Freixo (PSB). A negativa, portanto, dá forças ao fato.
Publicamente, no entanto, o governador fluminense nega a composição, não comenta as tratativas e diz que mantém o apoio de Bolsonaro e do filho Flávio, que coordena a campanha do ex-capitão. Sobre as conversas com Ceciliano, Castro minimiza e reforça que seu candidato deve ser mesmo Romário (PL).
“O meu partido tem candidato, que é um senador de mandato e é quem apoio. Apesar disto, quero atrair todos os eleitores que acreditem no meu trabalho, pouco importa se eles se consideram de direita ou esquerda”, explicou quando questionado.
“Repito: não quero ficar falando da disputa nacional. Acho que o Freixo está sendo candidato ao cargo errado. Ele fala tanto de Bolsonaro que deveria se candidatar a presidente e enfrentá-lo. É coisa de quem nunca trabalhou na vida”, acrescentou, alfinetando o principal adversário na disputa.
Na conversa, Castro ainda disse ser um candidato de centro-direita, além de negar casos de corrupção recentes envolvendo seu nome. Atual governador no Rio, ele foi acusado de receber propina de um empresário em um contrato com a Fundação Leão XIII. Pesa ainda contra ele as suspeitas sobre o uso de helicóptero para deslocamentos e os gastos com uma polêmica e luxuosa festa de aniversário.
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