CartaExpressa
‘Acabou o tempo da mentira e da corrupção’, diz Bolsonaro após escândalo no MEC
Ex-capitão também afirmou que este é o ‘tempo do livre mercado’, dias após demitir general Silva e Luna da Petrobras
Dois dias após confirmar a saída de Milton Ribeiro do comando do Ministério da Educação por indícios de corrupção e pedidos de propina na pasta, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que seu governo teria acabado com ‘a corrupção, as mentiras e com a demagogia’ no País.
“Tenho certeza que cada vez mais estaremos levando o Brasil para aquilo que é certo. Acabou o tempo da demagogia, da mentira e da corrupção”, disse nesta quarta-feira 30, omitindo o escândalo que atinge um dos seus principais aliados.
Além do ministro, o próprio presidente está no centro do escândalo. Em áudio vazado pelo jornal Folha de S. Paulo na última semana, Ribeiro afirma que privilegia prefeitos ‘amigos de pastores’ a pedido de Bolsonaro. O ministro diz ainda que, em troca, o governo recebe apoio das igrejas.
Os religiosos Gilmar Santos e Arilton Moura seriam os operadores do esquema dentro do MEC e responsáveis pela cobrança de propina em dinheiro, ouro e até bíblias em troca de liberação de emendas. Registros mostram que, com a atuação dos pastores, as verbas que demoravam meses a serem empenhadas, eram liberadas em apenas 16 dias.
Também nesta quarta, a ministra Rosa Weber determinou que o inquérito que apura a prevaricação de Bolsonaro no escândalo envolvendo a compra das vacinas indianas Covaxin siga aberto. A decisão não acatou o pedido de arquivamento do caso feito pela PGR. Bolsonaro, no entanto, não citou sua participação nos dois episódios. No discurso, disse apenas estar satisfeito por ter livrado o Brasil de um ‘presidente vermelho’.
Logo após afirmar ter livrado o País da corrupção, Bolsonaro passou então a defender que o Brasil vive agora ‘o tempo do livre mercado’. A defesa ocorre dois dias depois de ele demitir o general Joaquim Silva e Luna da Petrobras pelo alto preço dos combustíveis praticado pela empresa.
Para o lugar do militar, Bolsonaro nomeou o consultor Adriano Pires, conhecido pela longa atuação em defesa de empresas privadas do setor de energia. Pelo histórico, nada indica que o novo chefe da estatal irá mudar a política de preços responsável pelo alto valor dos combustíveis vendidos no Brasil.
Segundo afirmou nesta quarta-feira, o vice-presidente, Hamilton Mourão, ‘nada muda’ com a chegada do lobista ao cargo. Paulo Guedes, ministro da Economia, disse ainda na terça-feira que a nomeação de Pires não foi sua indicação e que isso não seria ‘problema dele’. O ministro ainda afirmou que a Petrobras não será privatizada na atual gestão.
Relacionadas
CartaExpressa
Petroleiros criticam decisão da Petrobras de pagar dividendos extras
Por Wendal CarmoCartaExpressa
Governo de Portugal nega ter plano de reparação por escravidão a ex-colônias
Por CartaCapitalCartaExpressa
Haddad entra em ação para tentar barrar PEC que turbina salários de juízes
Por CartaCapitalCartaExpressa
Felipe Neto é autuado por injúria após chamar Lira de ‘excrementíssimo’
Por CartaCapitalApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.