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Antonia Quintão, do Geledés, fala do poder libertador da educação no CriaCast

Em conversa com Raull Santiago, a professora traz os relatos marcantes de uma mulher negra que enfrentou o racismo na vida acadêmica

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O currículo foi chamado de impecável. Mas, ao chegar na entrevista, ela foi dispensada assim que conheceu o recrutador. “Você é a professora Antonia Quintão?”, perguntou o homem, com o olhar condescente. 

Apesar do extenso currículo acadêmico e produções de renome, a professora Antonia Aparecida Quintão dos Santos Cezerilo, não passou incólume pelo racismo à brasileira. 

No quinto episódio do CriaCast, ela relembra os marcos de sua trajetória até alcançar posições de liderança, anos antes das políticas de ações afirmativas. 

“Um dos momentos mais inesquecíveis foi o encontro que tive com Paulo Freire”, conta Quintão, que também tem pós-doutorado pela faculdade de Economia na USP, e é vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. “Paulo Freire estava acabando de chegar do exílio naquele momento”. 

Na época, ainda na graduação de Letras, na Universidade de São Paulo, o educador a recebeu em sua casa para ajudar em um trabalho universitário. 

“O que me deixou surpresa é que éramos só quatro estudantes de um curso de licenciatura e ele arranjou um horário para nos receber”, recorda a presidente do Geledés, Instituto da Mulher Negra. “Eu tenho colegas, Raull, que falam: ‘Eu tô com a agenda tão cheia que quando as pessoas chamam, eu entro logo no lattes, se for doutor eu atendo, se não for, eu não tenho tempo’”. 

Antes de fazer parte do seleto grupo de doutores brasileiros, ainda com diversas produções acadêmicas, por anos Quintão teve dificuldades no mercado de trabalho. Chegou a ter de omitir suas formações para conseguir uma vaga de professora em um colégio paulista. 

“Antes de ser professora, eu sou negra, né? Costumo dizer que esse marcador chega antes de tudo”.

Nessa edição do CriaCast, ela conversa com Raull Santiago sobre o resgate da importância do professor na sociedade, o descaso com a lei de ensino da cultura africana e como ela pode ser uma ferramenta antirracista para preservação de memória afro-brasileira.

A íntegra dessa conversa você pode acompanhar no canal de CartaCapital no YouTube. 

Ou, ainda, ouvir nas principais plataformas de streaming:

  • Spotify: https://open.spotify.com/show/0GKicxngWi6B7qAhbZHj2i
  • ApplePod: https://podcasts.apple.com/br/podcast/criacast-com-raull-santiago/id1710958246
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