Observatório do Banco Central

Formado por economistas da UFRJ, analisa a economia suas relações fundamentais com a moeda e o sistema financeiro

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Para além da pandemia, uma democracia

Temos sido um País e um povo dominados – quase sempre sem escolher, livremente, seus próprios rumos e dirigentes políticos

Apoiadores de Jair Bolsonaro em manifestação no Dia do Exército, em Brasília, em 2021. Foto: Sergio Lima/AFP
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Não bastassem os problemas gerados pela dengue e pela Covid e pela crise econômica – que não é só brasileira, mas que aqui tem configurações próprias –, o Brasil enfrenta um problema que lhe é próprio: a falta de um governo. 

O país tem Presidente da República, o Sr. Jair Bolsonaro, mas este não cumpre nem fiel e nem firmemente o papel que lhe cabe, Seja na área econômica, na social, educacional e na política, o presidente não exerce sua função, sendo muito mais conduzido pelas “ondas” e circunstâncias do que por seus próprios passos, com trajetória e rumo, sabendo aonde quer chegar. 

A confirmação deste diagnóstico são as constantes trocas de ministros em diversas pastas, à exceção do que ocupa a da Economia, o Sr. Paulo Guedes. Isto ocorre, provavelmente, pela dependência total que o atual governo tem em relação à “capacidade” dele em propor e editar medidas que atendam aos interesses mundiais hegemônicos, isto é, aos interesses dos Estados Unidos e o seu neoliberalismo.

Como se sabe, este país é hoje a Roma dos novos tempos, e impõe seus interesses a todos. Se for preciso, à força, através de seus poderosos braços militares, pouco importando as sequelas deixadas que vão prejudicar outras nações.

A economia mundial produz o suficiente para alimentar o mundo, mas quase toda a riqueza é apropriada por uma só nação: os Estados Unidos. 

E aí, como sair desta “sinuca de bico”?

Essa é a questão central, que vai impactar e ter enorme influência sobre as próximas eleições – tanto nos debates prévios como na própria campanha. O rumo do País sempre foi lugar de debates e divergências, às vezes profundas, e a indagação sobre este rumo está de volta à discussão política.  

Os candidatos, seja através da propaganda – ou de seus discursos em campanha ou em debates – terão que dar respostas factíveis e que circulem o mais amplamente possível junto à população – e não só de eleitores, mas em geral, pois a opinião pública tem forte influência sobre a população, em geral, refletindo-se na hora de cada eleitora/eleitor decidir seu voto. 

É a democracia que a sociedade brasileira vem construindo ao longo de sua história, por vezes com embates, restrições políticas, repressões e prisões, por outras vezes com ampla democracia nos debates e o pleno direito à livre escolha e ao livre pensamento. Ao que parece, a História é uma construção contínua e seu desenlace não é um “jogo marcado”, mas sim o resultado da contínua luta entre classes e grupos sociais por direitos e os próprios interesses de cada qual. 

Em meu livro Imprensa surgente e insurgente na Independência do Brasil – Memórias do Correio do Rio de Janeiro e de seu editor, “hum tal Lisboa”, recupero as memórias prévias desta Independência, especialmente, através da história da imprensa da época, em que predominava o jornal Correio Braziliense, editado em Londres (Inglaterra) por Hipólito José da Costa. Ou seja, longe do Brasil e de suas lutas diárias contra a opressão do império de Pedro I. 

E assim vamos construindo nossa história enquanto povo e a do País, observando e mantendo o amplo e livre direito à expressão, opinião e escolha, cada qual também – e principalmente –, sendo responsável pelo que pensa e diz e pelo que atua. 

Temos sido um País e um povo dominados – quase sempre sem escolher, livremente, seus próprios rumos e dirigentes políticos, ao mesmo tempo sem nos constituirmos enquanto Nação, com um povo no qual grande parte não tinha e ainda não tem instrução, por não ter tido acesso à Educação, nem à Básica. 

Creio podermos dizer que o Brasil ainda é um País em construção, livrando-se de suas amarras e apagamentos, forjando-se no próprio caminhar, como propugnava a velha bandeira estudantil – “o caminho se faz ao andar”!

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