Diálogos da Fé

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Diálogos da Fé

Israel x Hamas: Em nome de Deus, parem essa guerra!

Justiça para os palestinos e israelenses. Justiça equitativa para que cada um possa determinar o futuro da sua terra

Ataque de Israel ao Porto de Gaza, em 10 de outubro de 2023. Foto: Mahmud Hams/AFP
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Relata-se que o profeta Muhammad afirmou certa vez: “Não é um de nossos aquele que dorme saciado enquanto o seu vizinho passa fome”. Esse hadice é citado na maioria das vezes para incentivar as pessoas a praticar a caridade e estabelecer boas relações com o seu próximo. Porém, o seu ensinamento é mais do que isso. Podemos falar, no mesmo sentido, que não é um verdadeiro ser humano aquele que dorme tranquilamente enquanto o seu próximo sofre. Por isso, eu me vejo na obrigação de escrever essas linhas mesmo no fervor das emoções e sem uma análise sóbria.

Desde o último sábado,  7 de outubro, estamos todos focados no conflito que está sendo travado entre o governo de Israel e Hamas. A nova fase do conflito, que se arrasta há décadas, começou com um ataque surpresa do Hamas. A escalada do terror é ainda pior porque os alvos foram, em sua maioria, civis que nada tinham a ver com o que vem acontecendo, muitos dos quais participavam de um festival de música.

Não é nem um pouco admissível que pessoas que participam de um festival de música, dormem em suas casas e passam tempo com suas famílias sejam mortas e tomadas como reféns por causa das práticas horrendas do governo de Israel. Isso é um ato terrorista e deslegitima totalmente a luta dos palestinos pela autodeterminação como um estado livre e independente, assim como o é Israel. Além desta deslegitimação, esse ataque causa mais dor aos palestinos do que aos líderes do Hamas. Já são mais de mil mortos e não sabemos ao certo qual é a proporção das mortes de civis na Faixa de Gaza.

Venho acompanhando os vídeos dos pais que carregam os corpos de seus filhos nos braços, prédios totalmente destruídos, hospitais atingidos por bombas e infraestrutura cortada pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Por isso, da mesma forma, é inadmissível que o governo de Israel bombardeie a Faixa de Gaza de forma indiscriminada matando civis, desumanizando os palestinos e cortando a infraestrutura. Infelizmente chegamos ao ponto de o ministro de defesa de Israel afirmar que “não haverá eletricidade, água e alimentação, pois lidamos com animais humanos”. Isso é tão repugnante quanto o ataque que matou os civis num festival de música e tomou pessoas como reféns.

Como um muçulmano e uma pessoa que vem do Oriente Médio, é difícil acompanhar o que acontece na região nesse momento. Como um curdo, defendo que haja, sim, um país chamado Palestina e que seu povo possa determinar o que quer para seu futuro, da mesma forma que defendo a autodeterminação do meu povo. A existência da Palestina não deve propor ou significar a aniquilação de Israel e vice-versa. Pela paz e pela vida das crianças inocentes de ambos os lados, os tomadores de decisão devem e têm que abrir mão de certas obsessões e permitir a existência dos países. Caso contrário, essas tragédias continuarão e nós, o tempo todo, vamos chorar e assistir a morte de inocentes sem saber o que fazer.

Não devemos esquecer que a paz somente será possível a partir do diálogo e da justiça. Justiça para os palestinos e israelenses. Justiça equitativa para que cada um possa determinar o futuro da sua terra.

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