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Fotografia do mundo é de tragédia, e enfraquecimento da ONU preocupa, diz Celso Amorim
Segundo o ex-chanceler, assessor da Presidência, o Brasil também tem agido para defender a própria Organização das Nações Unidas


O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, avaliou nesta terça-feira 31 que a Organização das Nações Unidas está enfraquecida em meio ao acirramento do conflito na Faixa de Gaza.
A declaração foi concedida durante participação na abertura do Fórum Brasil Africa 2023, em São Paulo.
“Acho que hoje nós vivemos uma situação muito mais grave, uma multiplicidade de atores com duas guerras que, de alguma maneira, se misturam. E ver a ONU enfraquecida é algo que realmente preocupa extremamente“, destacou, ressaltando que a fotografia do mundo hoje é de uma tragédia, “de ameaça de destruição maior ainda”.
O ex-ministro também destacou o esforço do Brasil para aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU em defesa de um cessar-fogo entre Israel e Hamas. O texto apresentado pela diplomacia brasileira foi vetado pelos Estados Unidos. Até o momento, o colegiado não conseguiu aprovar qualquer proposta.
“Neste momento, o chanceler Mauro Vieira está em Nova York em uma tentativa que não digo desesperada, mas quase heroica, de aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança”, prosseguiu Amorim. “O Brasil tem atuado não só para defender todos os que sofrem na região, mas para defender a própria ONU.”
Na segunda-feira, Vieira também criticou a demora do colegiado para aprovar uma resolução sobre o conflito. Desde o início da nova etapa da guerra, em 7 de outubro, o Conselho de Segurança barrou quatro propostas de resolução: uma brasileira, duas da Rússia e outra dos Estados Unidos.
Ao presidir a última reunião com o Brasil à frente do grupo, o ministro afirmou que alguns países usam o conselho para atingir objetivos pessoais, não para proteger civis.
“Tanques e tropas estão no terreno em Gaza, e o tempo para agir está se esgotando. Minhas perguntas a todos aqui são: se não agora, quando? Quantas vidas mais serão perdidas até que finalmente passemos da retórica à ação?”, questionou Vieira.
Os bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza provocaram mais de 8.500 mortes, segundo o mais recente boletim das autoridades locais. No enclave, 2,4 milhões de palestinos vivem sob cerco total desde o início do mês. Há escassez de água, comida, medicamentos e combustível.
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