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‘Quantas vidas serão perdidas até passarmos à ação?’: o duro discurso de Mauro Vieira na ONU

O chanceler brasileiro, ainda na presidência do Conselho de Segurança, criticou a letargia sobre o conflito Israel x Hamas

O chanceler Mauro Vieira representa o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Foto: ANGELA WEISS / AFP
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, proferiu um duro discurso nesta segunda-feira 30, em Nova York, em mais uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito entre Israel e Hamas.

Desde o início da nova etapa da guerra, em 7 de outubro, o colegiado barrou quatro propostas de resolução: duas da Rússia, uma do Brasil – vetada pelos Estados Unidos – e uma dos norte-americanos. A reunião desta segunda também terminou sem a aprovação de qualquer documento.

Vieira afirmou que o Conselho de Segurança “realiza reuniões e ouve discursos, sem ser capaz de tomar uma decisão fundamental: pôr fim ao sofrimento humano no terreno”. O Brasil ocupa a presidência do colegiado até o fim desta terça-feira 31.

Ele lamentou o impasse, “devido a discordâncias internas, especialmente entre alguns membros permanentes”. No Conselho de Segurança, cinco países possuem o direito de vetar qualquer proposta: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

“Todos veem que nossa incapacidade de união em resposta às crises humanas que enfrentamos hoje leva a questionar a própria razão de ser deste Conselho”, prosseguiu o chanceler. “Alguém até escreveu que, não apenas os civis, mas também este órgão está sob os escombros de Gaza.”

“Tanques e tropas estão no terreno em Gaza, e o tempo para agir está se esgotando. Minhas perguntas a todos aqui são: se não agora, quando? Quantas vidas mais serão perdidas até que finalmente passemos da retórica à ação?”

Segundo Vieira, “também é crítico e urgente permitir a evacuação segura e imediata de estrangeiros de Gaza e de outras áreas da região, caso se sintam ameaçados”.

“As crises humanas graves e sem precedentes diante de nós exigem o abandono de rivalidades estéreis. O fato de o Conselho não ser capaz de cumprir sua responsabilidade de salvaguardar a paz e segurança internacionais devido a antigas hostilidades é moralmente inaceitável.”

Os bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza provocaram mais de 8.300 mortes, segundo o mais recente boletim das autoridades locais. Em 7 de outubro, um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel deixou cerca de 1.400 mortos.

No enclave, 2,4 milhões de palestinos vivem sob cerco total desde o início do mês. Há escassez de água, comida, medicamentos e combustível. De acordo com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a situação é “cada vez mais desesperadora”. Ele também expressou preocupação sobre uma “punição coletiva” infligida aos palestinos.

Nesta segunda, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descartou um cessar-fogo em Gaza e afirmou que o Exército avança “metodicamente”.

Segundo o premiê, de extrema-direita, suas forças armadas “ampliaram sua entrada terrestre na Faixa de Gaza” e “estão fazendo isso por etapas moderadas e muito potentes”.

“Os chamados para um cessar-fogo são chamados para Israel se render ao Hamas. Isso não vai acontecer“, alegou Netanyahu.

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