Sociedade

Suspeito de atentado ao Porta dos Fundos é extraditado da Rússia e chega ao Brasil

Eduardo Fauzi deixou o Brasil um dia antes de ter a prisão decretada pela Justiça

Eduardo Fauzi, acusado de envolvimento no atentado contra o Porta dos Fundos. Foto: Reprodução
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O empresário Eduardo Fauzi — suspeito de atacar com coquetéis molotov a sede da produtora de vídeos Porta dos Fundos em Botafogo, na Zona Sul do Rio, com outras quatro pessoas, em dezembro de 2019 — foi extraditado da Rússia e chegou ao Brasil na noite quinta-feira. Ele ficará detido do presídio de Benfica.

Fauzi chegou ao Brasil pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e a extradição foi concluída com a chegada dele ao Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio. Durante o trajeto da Rússia ao Brasil, o empresário foi escoltado por agentes federais. Ele deixou o Brasil um dia antes de ter a prisão decretada pela Justiça e, desde então, passou a integrar a lista de Difusão Vermelha da Interpol.

Em nota, a defesa informa que aguarda deliberação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a denúncia que será apresentada e que aguarda decisão sobre recurso contra a prisão preventiva. “A defesa entende que a prisão cautelar — com a conclusão do processo de extradição — perde todos os fundamentos, e reafirma o desejo do Eduardo em colaborar com a Justiça, com a entrega de documentos como do passaporte pessoal”, ressalta a defesa.

Fauzi chegou a ser réu na Justiça Federal pelo crime de terrorismo, mas uma nova decisão, do desembargador Marcello Ferreira de Souza Granado, mudou a tipificação. O caso saiu, então, da competência da Justiça Federal e os autos retornaram para a Justiça do Rio de Janeiro.

Segundo a investigação da Polícia Civil do Rio, cinco criminosos participaram do ataque à Porta dos Fundos, em 24 de dezembro de 2019, poucos dias depois de o grupo exibir um programa especial de Natal, no Netflix, que insinuava que Jesus Cristo teve uma experiência homossexual depois de 40 dias no deserto.

O grupo lançou coquetéis molotov na fachada da produtora e fugiram depois. Fauzi era o único que não tinha o rosto coberto e acabou identificado pelas imagens das câmeras de segurança.

No dia 29 de dezembro de 2019, um dia antes de ter a prisão decretada, Fauzi fugiu para Moscou, onde vivem a mulher, quem tem origem russo-israelense, e o filho. Em entrevista duas semanas após o crime, o empresário assumiu o crime e disse que agiu apenas por motivação política. Ele contou também que planejou a fuga com antecedência.

“Achavam que fui muito estúpido pra não cobrir o rosto e não alterar a voz, mas fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado a tempo de viajar pra fora do país”, afirmou.

Eduardo Fauzi tem doze passagens pela polícia. É investigado pela prática de crimes como ameaça, lesão corporal e formação de quadrilha. Em 2013, o empresário foi detido e autuado em flagrante por lesão corporal por agredir o então secretário municipal de Ordem Pública do Rio, Alex Costa, após a interdição de um estacionamento irregular administrado por ele.

Fauzi aproveitou as câmeras ligadas para se aproximar do secretário pelas costas e agredi-lo com um tapa na cabeça, logo no início de a entrevista coletiva convocada pela Prefeitura. Durante a agressão, enquanto Costa falava, o homem gritou “é mentira”.

Após o ataque à produtora, a polícia apreendeu, na casa de Fauzi e em outros dois endereços ligados a ele, R$ 119 mil, duas armas de brinquedo, facas, e uma camisa de uma associação que se diz nacionalista. Em janeiro de 2020, o economista e empresário foi expulso do PSL, legenda à qual era filiado desde outubro de 2001.

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