Sociedade

RS: Polícia investiga caso de tortura em supermercado após furto de picanha

Dois homens que teriam furtado dois pacotes de carne do estabelecimento foram espancados durante 45 minutos por seguranças

Créditos: Foto: Reprodução/RBS TV
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A Polícia Civil de Canoas (RS) investiga um caso de tortura dentro de um supermercado do município depois que funcionários do estabelecimento espancaram dois homens por furtarem dois pacotes de picanha.

Os suspeitos do furto, um homem de 32 e um de 47 anos, foram levados ao depósito do estabelecimento e espancados por 45 minutos. São apontados como autores das agressões cinco seguranças do local – dois já identificados pela polícia – além do gerente e do subgerente do mercado. Eles devem responder por tortura e ocultação de provas.

“Os cinco seguranças e o gerente devem ser indiciados por tortura e ocultação das provas. O subgerente por tortura e omissão”, explicou o delegado que acompanha o caso. “A polícia investiga indícios de outro crime, extorsão mediante sequestro, porque eles só foram liberadas depois do pagamento de R$ 644 exigido pelos agressores.”

O caso aconteceu no dia 12 de outubro, mas a Polícia só foi acionada depois que uma das vítimas, um homem negro, deu entrada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre com ferimentos graves. O homem apresentava diversas fraturas no rosto e na cabeça e precisou ser colocado em coma induzido. No hospital, familiares da vítima contaram aos policiais sobre o espancamento ocorrido em uma unidade da rede Unisuper.

Os agentes foram ao local para coletar as imagens das câmeras de segurança, mas os arquivos foram apagados e recuperados posteriormente pela polícia com o apoio de um perito. De acordo com a polícia, 31 câmeras de segurança gravaram o que aconteceu dentro do supermercado e no depósito onde as vítimas foram agredidas.

No vídeo, é possível ver que um dos homens conduzidos para o depósito entrega dois pacotes de carne a um homem de moletom rosa, segurança do local que, na sequência, desfere o primeiro soco contra o suposto autor do furto. Ele cai ao chão e continua apanhando. As imagens também mostram o momento em que um segundo rapaz é conduzido ao local e começa a apanhar de um homem que veste um casaco azul e segura uma arma. Os homens do estabelecimento também usam um pedaço de madeira para bater contra um dos homens caídos ao chão, são desferidos vários golpes contra ele. Ao fim da ação de tortura, os envolvidos posam para uma foto.

Em nota encaminhada ao G1, a rede Unisuper disse que tomou conhecimento de um inquérito instaurado para investigar a conduta dos profissionais da empresa terceirizada Glock Segurança. Acrescentaram que repudiam ‘veementemente qualquer ato de violência ou de violação dos Direitos Humanos’ e que fornecerão todas as informações solicitadas a fim de contribuir com as investigações. A empresa Glock, que presta serviço ao supermercado, disse em nota que só vai se manifestar em juízo. Os advogados do gerente Adriano Dias e do subgerente Jairo da Veiga, também disseram que só vão se manifestar em juízo.

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