Justiça
PRF aciona Justiça para demitir policial que ensinava a criar ‘câmara de gás’ em viatura
‘A pessoa fica mansinha’, dizia o policial Ronaldo Bandeira em uma formação para concurso da PRF; prática parecida resultou na morte de Genivaldo, em Sergipe


A Polícia Rodoviária Federal acionou o Ministério da Justiça para demitir o policial Ronaldo Bandeira, servidor da PRF em Santa Catarina. A informação foi revelada pelo site G1 nesta quinta-feira 26 e confirmada por CartaCapital.
A solicitação da exoneração de Bandeira é fruto de um processo administrativo disciplinar.
Bandeira foi gravado durante uma aula de cursinho ensinando futuros policiais a montarem uma “câmara de gás” em uma viatura. O procedimento é bem semelhante ao usado pelos agentes em Sergipe, onde Genivaldo Santos foi asfixiado até a morte (leia aqui o andamento do caso).
Durante a aula, ele relatou um caso em que teria usado gás lacrimogêneo no camburão. “A gente estava na parte de trás da viatura, ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo”, conta.
E emenda: “A pessoa fica mansinha. Daqui um pouco só escutei: ‘Vou morrer! Vou morrer’. Aí eu fiquei com pena, cara. Abri [e falei] assim: ‘Tortura!’, e fechei de novo”, descreveu, rindo. O professor conclui falando: ‘Sacanagem, fiz isso, não”.
A corregedoria da PRF afirma que a vítima deste episódio descrito confirmou as agressões na abordagem policial.
Com isso, a PRF finalizou o processo administrativo contra Bandeira, e a conclusão por sua demissão está nas mãos do Ministério da Justiça, que terá a palavra final sobre a exoneração do agente.
Veja um trecho do pedido da PRF:
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