Política

Polícia abre inquérito para apurar declarações xenofóbicas de vereador no RS

‘Se estava tão ruim a escravidão, como alguns do grupo não quiseram ir embora?’, disse Sandro Fantinel, em referência aos resgatados de vinícolas

O discurso preconceituoso aconteceu nesta terça (28/2) (Foto: Reprodução)
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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul instaurou um inquérito para apurar as declarações xenofóbicas do vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel (Patriota), contra nordestinos submetidos a trabalho análogo à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves. O político, na terça-feira 28, culpou os funcionários pelas péssimas condições de trabalho oferecidas pelas produtoras de vinhos locais.

Após instaurar o inquérito, nesta quarta-feira 1º, o delegado Rafael Keller, que responde pela 1ª Delegacia de Polícia de Caxias do Sul, informou ter solicitado as imagens e o conteúdo das declarações ao presidente da Câmara de Vereadores.

O prazo para a conclusão da apuração contra Fantinel é de 30 dias. O inquérito, destaca o delegado regional Augusto Cavalheiro Neto ao site Gaúcha ZH, foi aberto por iniciativa da própria corporação.

No discurso alvo da apuração, Fantinel alegou que as medidas contra as vinícolas seriam um exagero e sugeriu que os agricultores dessem preferência a “trabalhadores argentinos”, que seriam “limpos e corretos”.

“Todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palma. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e no dia de ir embora ainda agradecem ao patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam”, afirmou.

“Agora, com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente. Que isso sirva de lição… Se estava tão ruim a escravidão, como que alguns do próprio grupo não quiseram ir embora?”, acrescentou.

Segundo as denúncias, os mais de 200 trabalhadores resgatados pelo Ministério do Trabalho eram monitorados por câmeras, alimentados com comida estragada e até submetidos a choques e spray de pimenta.

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