Sociedade
O que se sabe sobre a morte de um lutador de MMA no Rio de Janeiro
O corpo de Diego Braga Nunes foi encontrado no Morro do Banco, no Itanhangá, zona oeste do Rio, por policiais do 31º BPM e do Bope
Um homem foi preso pela Polícia Militar do Rio de Janeiro nesta terça-feira 16 por envolvimento na morte do lutador de MMA Diego Braga Nunes, assassinado após tentar recuperar sua moto, que havia sido roubada. O suspeito, identificado como Tauã da Silva, tem 18 anos e confessou participação no crime.
O corpo de Diego foi encontrado no Morro do Banco, no Itanhangá, zona oeste do Rio, por policiais do 31º BPM e do Bope.
Em depoimento à polícia, Tauã afirmou que o lutador teria ido à comunidade “desenrolar a entrega da moto”. Lá, ele teria sido obrigado a entregar seu celular aos traficantes, que teriam identificado contatos de supostos milicianos do Rio das Pedras e da Muzema.
A vítima até tentou correr, mas logo foi capturada e morta pelos criminosos, segundo o relato. Tauã, conhecido como 2B, foi preso em casa e levado à 16ª Delegacia (Barra da Tijuca). Na residência, policiais que participaram da operação encontraram drogas.
A versão apresentada à PM reforça a hipótese considerada pelas investigações desde o início, de que o lutador foi assassinado após ter sido confundido com milicianos.
Isso porque a região onde o crime aconteceu chegou a ser dominada pela milícia até novembro de 2023. Naquele mês, traficantes supostamente ligados à facção Comando Vermelho teriam invadido a comunidade e assumido o controle do tráfico local.
Diego, morto aos 44 anos, foi lutador profissional de muay thai e MMA desde 2003. Durante sua trajetória, chegou a treinar ao lado dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, além de Anderson Silva, ícone do UFC, a categoria mais importante do MMA.
Sua moto foi roubada por dois homens na madrugada da segunda-feira 15 em sua residência na Muzema. A ação foi registrada por câmeras de segurança: o garupa desce, vai em direção à moto de Diego, joga o capacete do lutador no chão e sai empurrando o veículo.
Depois de ter acesso às imagens, o lutador decidiu ir em busca da moto. Antes disso, chegou a comunicar o furto em seu perfil do Instagram. Primeiro, ele foi à comunidade da Tijuquinha e depois ao Morro do Banco, onde foi feito refém pelos traficantes.
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A morte gerou comoção no mundo do MMA. O ex-lutador Rodrigo Minotauro, por exemplo, criticou a escalada de violência no Rio. “A pergunta que fica: aonde essa violência vai parar, meus amigos? Que covardia terrível, que coisa sinistra que não tem explicação alguma”, escreveu.
Irmão da vítima, o personal Leonardo Lustosa chegou a afirmar que o governador Cláudio Castro (PL) e o prefeito Eduardo Paes (PSD) teriam “responsabilidade” pelo crime.
“Rio de Janeiro é o pior lugar do mundo. Poder paralelo não tem moralidade e piedade em nada. Fazem o que querem e como querem. Que [Diego] não venha a ser mais um pai de família esquecido. Que meu irmão descanse em paz”, declarou, também em publicação nas redes sociais.
O corpo do lutador será velado na manhã desta quarta-feira 17 no Cemitério Jardim da Saudade Sulacap.
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