Política

Garimpo ilegal cresceu 54% nas terras yanomamis no último ano do governo Bolsonaro

Entre 2018 e 2022, foram mais de 5 mil hectares de terras devastados pelo garimpo

Foto: Reprodução
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No último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o garimpo ilegal cresceu 54% na Terra Indígena Yanomami. Os números constam em uma pesquisa realizada pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Hutukara Associação Yanomami. Só em 2022, a prática do garimpo foi responsável pela devastação de 1.782 hectares da TI Yanomami. 

A pesquisa revelou, também, que o desmatamento associado ao garimpo teve um crescimento acumulado de 309% entre outubro de 2018 e dezembro de 2022. Na região, 5.053 hectares de terras destruídos no período relativo ao governo de Bolsonaro. O ex-presidente, em diversas oportunidades, incentivou a prática de garimpo, chegando a se referir à TI Yanomami como uma “terra rica” para a exploração.

Segundo a pesquisa, o crescimento da devastação de terras por conta do garimpo foi constante durante o governo Bolsonaro. Entretanto, a partir de dezembro de 2021 o crescimento foi expressivo.

Para monitorar o garimpo ilegal na TI Yanomami, os pesquisadores utilizam imagens da Constelação Planet. Trata-se de um conjunto de satélites de alta resolução que detectam áreas exploradas na região. As atualizações, conforme a pesquisa, são registradas duas vezes por mês.

Quase 30 mil pessoas moram na TI Yanomami, região que possui quase 100 mil quilômetros quadrados. Apesar do garimpo ilegal atingir a região como um todo, há áreas específicas em que a destruição é mais intensa. 

Segundo a pesquisa, as maiores concentrações de devastação estão nos rios Uraricoera, ao norte da TI, e em Mucajaí, na área central. No Uraricoera, a região de Waikás teve cerca de 2 mil hectares devastados. O número corresponde a 40% da devastação monitorada pelos pesquisadores. Além disso, o rio Couto Magalhães, afluente do Mucajaí, teve 20% do impacto, ou aproximadamente mil hectares.

O garimpo ilegal, ao promover a devastação da TI, é diretamente responsável por exemplo, pela proliferação de doenças. Segundo o Sivep Malária, sistema de monitoramento do Ministério da Saúde, entre 2020 e 2021, mais de 40 mil casos de malária foram registrados na TI Yanomami. Só em 2021, foram 21.883 casos. É o maior registro desde 2003. A ampliação da área devastada coincide com o crescimento da doença.

Para combater a atividade dos garimpeiros na região, o ministério da Defesa confirmou, na terça-feira 31, o envio das Forças Armadas à TI Yanomami, a fim de dar suporte à força-tarefa criada pelo governo Lula (PT) para combater o garimpo ilegal. Nesta quarta-feira 1, a Força Aérea Brasileira (FAB) dará início ao controle sobre o espaço aéreo da TI.

Leia a íntegra do relatório:

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