Sociedade

Funcionários da Cinemateca são demitidos após governo federal assumir gestão

A Associação Roquette Pinto, que fazia a gestão do local, afirma que governo não pagou os 14 milhões prometidos como orçamento à instituição

. Foto: Ronaldo Caldas/Divulgação/MinC
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Quarenta e um funcionários da Cinemateca Brasileira foram demitidos após o governo federal assumir a gestão da instituição. A Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) entregou as chaves do local para a secretaria especial de Cultura na última sexta-feira 7. A Acerp afirma que não tem como manter e pagar o corpo técnico, altamente especializado.

Em comunicado interno, a direção da instituição afirmou que a medida decorre de grave crise financeira, ressaltando que a Justiça negou o pedido para que o governo pagasse R$ 14 milhões prometidos anteriormente para o orçamento da Cinemateca em 2020.

A entidade afirma que no dia em que a comitiva do governo veio a São Paulo, insistiu para que o secretário adjunto do Audiovisual mantivesse ou readmitisse os funcionários, mas, infelizmente, não obteve nenhum compromisso disso.

A Acerp lamentou o desfecho, exaltou a qualidade profissional da equipe, mas informou que só poderá realizar o devido pagamento aos profissionais desligados quando o governo federal pagar os R$ 14 milhões.

Abandono da Cinemateca

A Cinemateca Brasileira já enfrentava grandes problemas de gestão, como CartaCapital relatou em reportagem publicada no mês de julho deste ano. No período, funcionários já se encontravam em greve por não recebem os salários desde abril; a brigada de incêndio também havia sido desativada por falta de pagamento; o gerador quebrado se encontrava sem manutenção.

Os funcionários falavam em “tragédia anunciada” e temiam que acontecesse o mesmo desastre do Museu Nacional, que pegou fogo em 2018.

A gestão da Cinemateca

Em 2018, o extinto ministério da Cultura do ex-presidente Michel Temer (MDB) decidiu abrir uma concessão para a gestão da Cinemateca.

A Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, que é uma organização social, ficou responsável pela gestão do local. Além de administrar o orçamento vindo da União, a instituição poderia captar dinheiro por iniciativa própria, e foi o que aconteceu por meio de de eventos realizados no local.

O contrato feito com o governo vai até 2021. O problema começou quando o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub decidiu, em dezembro de 2019, encerrar um contrato com a Roquette Pinto para gerir a TV Escola. Sem o contrato com o MEC, invalidou-se também o acordo para a gestão da Cinemateca.

Desde então, o governo abandonou o local e a administração foi feita com orçamento exclusivamente vindo da Roquette Pinto.

Em junho, a presidência da organização enviou uma carta ao Ministério cobrando o pagamento da dívida com a entidade. O valor que a união precisa repassar já passa dos R$ 13 milhões.

Em meio à situação, o presidente prometeu para a ex-secretária de Cultura Regina Duarte um cargo inexistente dentro da cinemateca.

Além da promessa não se cumprir, assim que Regina deixou o governo, o secretário de audiovisual da Pasta, Heber Trigueiro, que havia sido nomeado pela ex-global, foi exonerado. Essa foi uma das primeiras ações do novo secretário de Cultura,  Mario Frias.

Mario Frias e Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo, visitaram a Cinemateca em 23 de junho. No Instagram, publicaram o compromisso de “resolver o impasse”.

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