Sociedade

CIDH emite medida cautelar para proteger indígenas Pataxó no sul da Bahia

Em agosto do ano passado, indígenas da TI Barra Velha sofreram um cerco de pistoleiros fortemente armados

Povos indígenas de diversas etnias participam do primeiro dia do Acampamento Terra Livre. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos emitiu, nesta terça-feira 9, uma medida cautelar ordenando que o Brasil adote providências para aumentar a proteção dos povos Pataxó, que habitam atualmente o extremo-sul da Bahia.

Os indígenas viventes nas Terras Indígenas Barra Velha e Comexatibá são alvos constantes da violência de fazendeiros e de gigantes da hotelaria. Em agosto do ano passado, indígenas da TI Barra Velha sofreram um cerco de pistoleiros fortemente armados sob a ameaça de “meter bala” em quem tentasse deixar o território.

“Após analisar as alegações, Comissão considera que as informações apresentadas demonstram prima facie que os membros do Povo Indígena Pataxó se encontram em uma situação de gravidade e urgência, posto que seus direitos à vida e à integridade pessoal correm grave risco”, destaca trecho do documento.

O documento, elaborado pela Comissão, solicita que o governo do Brasil tome, ao menos, três providências:

1) adote as medidas necessárias para proteger a vida e a integridade pessoal dos membros do povo Pataxó;

2) coordene as medidas a serem adotadas e;

3) informe sobre as ações adotadas para a investigação dos fatos que motivaram a adoção da medida cautelar.

O texto elaborado pela CIDH não tem poder decisor sobre o Estado e as medidas listadas nele são lidas como recomendações ao atual governo.

Em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a homologação de seis terras indígenas. Embora a TI Barra Velha seja homologada, o território demarcado representa menos de 1/5 da terra originária ocupada pelos Pataxós, e, além disso, áreas ainda não homologadas cercam a TI e são ocupadas por grandes fazendeiros.

Em 1980, a TI foi demarcada com 8.627 hectares. Em 2009, a Funai publicou um documento em que corrigia os limites do território, mas, de lá para cá, não houve avanço real na demarcação da segunda homologação.

Em 2023, o avanço dos setores imobiliários, hoteleiros e a prática ilegal de arrendamento dentro do território ainda tiram o sono dos indígenas. O município de Porto Seguro faz vista grossa aos constantes ataques e, segundo lideranças da TI Barra Velha, instigam os fazendeiros ao dizer que as aldeias não geram economia para a região.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo