Sociedade

Censo 2022: Brasil supera 200 milhões de habitantes, mas crescimento da população é o menor em 150 anos

Com dificuldades orçamentárias promovidas pelo governo anterior, Censo 2022 é divulgado e mostra que o Brasil atingiu 203.06.512 habitantes

Foto: Agência Brasil/Arquivo
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Em mais de uma década, entre 2010 e 2022, a população brasileira cresceu 6,5% e atingiu 203.062.512 habitantes. Os dados oficiais são do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta quarta-feira 28 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Com isso, a taxa de crescimento anual da população do país foi de 0,52%: a menor já observada desde o início da série histórica, ainda em 1872. Entre 2010 e 2022, a expansão da população brasileira foi de 12.306.713 pessoas.

O retrato do Brasil é apresentado à população com um atraso de quase três anos. A pesquisa deveria ter sido realizada em 2020, mas foi afetada por dois problemas centrais: a pandemia de Covid-19 e o boicote do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O orçamento para a realização da principal pesquisa demográfica do Brasil é relativamente baixo diante da sua importância histórica e da própria estrutura orçamentária da União: pouco mais de 2 bilhões de reais. Entretanto, apertos orçamentários do governo anterior impediram a realização do Censo no prazo tradicional, que é fundamental para a definição de um conjunto amplo de políticas públicas.

Os números apresentados hoje pelo IBGE confirmam a tendência de queda na média anual de crescimento da população, fenômeno que é identificado desde o final do século passado.

“Em 2022, a taxa de crescimento anual foi reduzida para menos da metade do que era em 2010 (1,17%)”, observou Luciano Duarte, coordenador técnico do Censo.

Abaixo, estão alguns dos principais dados apresentados pelo Censo divulgado hoje:

Sudeste segue como região mais populosa do país

Com 84,8 milhões de habitantes em 2022, o Sudeste segue sendo a região mais populosa do Brasil. O contingente representa 41,8% de toda a população brasileira. Entre 2010 e 2022, a população da região registrou uma taxa de crescimento anual de 0,45%, relativamente abaixo da média nacional.

Os estados mais populosos do país seguem sendo, pela ordem, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. As três unidades da Federação concentram 39,9% da população brasileira. São Paulo, especificamente, tem uma população oficial de 44,4 milhões de habitantes, sendo residência de pouco mais de um quinto (21,8%) da população nacional.

A capital do Rio de Janeiro, porém, foi o segundo município que mais perdeu população, desde 2010. Houve, de lá para cá, uma redução de 109 mil habitantes na sua população.

Nordeste com a menor taxa de crescimento anual da população

No Nordeste, segundo o Censo, vivem 54,6 milhões de pessoas, o que corresponde a 26,9% da população do país. Por outro lado, a região registrou uma taxa de crescimento anual de 0,24%, ficando abaixo de todas as demais regiões.

O Norte, inversamente, é a região menos populosa do país: são 17,3 milhões de habitantes, o que indica 8,5% da população do Brasil. Por outro lado, o crescimento da população segue: a taxa de crescimento anual registrada foi de 0,75%. Acontece, porém, que esse mesmo índice, no período 2000-2010, foi de 20,9%. Desse modo, a população do Norte segue crescendo, mas em um ritmo mais baixo.

A cidade de Salvador (BA), por exemplo, aparecia no Censo de 2010 como a terceira mais populosa do Brasil. Entretanto, de lá para cá, a capital baiana experimentou uma retração de 257,7 mil pessoas. Dessa forma, Salvador passou a ser, em 2022, a quinta cidade mais populosa do país, sendo ultrapassada, em termos de população, por Brasília (DF) e Fortaleza (CE).

A população do Centro-Oeste é a que mais cresce no Brasil

A região com a maior taxa de crescimento anual, em termos de população, no país é o Centro-Oeste. Com uma população atual de 16,3 milhões de pessoas, o Centro-Oeste registrou uma taxa de crescimento anual de 1,23%, o que significa dizer que, em doze anos, a região composta por Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul viu a sua população aumentar em 15,8%.

No Sul, que concentra 14,7% dos habitantes do país (29,9 milhões de pessoas), o aumento da população foi de 9,3% no período de doze anos.

Quase metade dos municípios do país tem menos de 10 mil habitantes

Dos 5.570 municípios oficialmente registrados no país, 2.495 (ou 44,8% do total) têm até 10 mil habitantes, segundo o Censo 2022. Nesses municípios, em específico, vivem 12,7 milhões de pessoas.

Nesse recorte, a maioria da população brasileira (57%) vive em apenas 319 municípios, o que indica uma marca do cenário demográfico brasileiro: a maior parte da população do país se concentra em centros urbanos com mais de 100 mil habitantes.

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