Política

Casos de malária no distrito sanitário Yanomami mais que dobraram durante o governo Bolsonaro, aponta relatório

Documento do Ministério da Saúde aponta que um terço dos casos ocorreu em crianças de 0 a 9 anos

Créditos: Reprodução FAB
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Os casos registrados de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, em Roraima (RR) mais que dobraram durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Os dados constam em um relatório elaborado pelo Ministério da Saúde e divulgado nesta quarta-feira 8 pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo o documento, os casos de malária saltaram de 9.928 em 2018 para 20.393 em 2021.

O relatório do Ministério da Saúde foi produzido após vistoria realizada na região, entre 15 e 25 de janeiro. Segundo o documento, quase um terço dos casos ocorreu entre crianças da faixa etária de 0 a 9 anos. 

O documento revela, também, que os atendimentos para casos de malária e de não malária não eram feitos de maneira separada. Para ser transmitida, a malária exige a participação de um vetor (a fêmea do mosquito Anopheles) infectado por protozoário. Ela não é considerada uma doença contagiosa entre humanos.

Em 2022, segundo o relatório, foram registrados 11.634 casos. Entretanto, o Ministério da Saúde alerta que o número real deve ser maior, uma vez que a inserção de dados no sistema de controle da doença pode levar, de acordo com o MS, mais de 3 meses. Normalmente, os dados são registrados em documentos de papel e enviados por malote até Boa Vista, a capital de Roraima.

O documento relata casos de indígenas mortos com sintomas de malária. Porém, os dados relativos à causa de morte por malária não foram inseridos no sistema, em razão do fato de que a equipe de saúde não tinha testes disponíveis para confirmar o diagnóstico.

Além dos casos de malária, o relatório descreve a situação dos atendimentos de saúde na região. Há relatos de medicamentos vencidos, seringas orais utilizadas sem higienização, fezes pelo chão e unidades de atendimento desativadas por falta de segurança. Sobre o último caso, profissionais de saúde relataram medo dos garimpeiros, que ameaçavam as atividades de atendimento.

A Terra Indígena Yanomami vem experimentando uma grave crise humanitária em decorrência do garimpo ilegal na região. Segundo a organização Hutukara Associação Yanomami (HAY), o garimpo cresceu 54% na TI em 2022, sendo responsável, só no ano passado, pela devastação de 1.782 hectares de terra. No estudo da HAY, o crescimento do garimpo e do desmatamento implicou no aumento dos casos de malária.

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