Política

Zema descarta, por ora, o apoio de Bolsonaro em Minas: ‘O meu candidato é do partido Novo’

Buscando driblar a rejeição de Bolsonaro no estado, o governador negou estar intimamente ligado ao ex-capitão; ele alega que sua relação é apenas institucional

Jair Bolsonaro e Romeu Zema. Foto: Alan Santos/PR
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O pré-candidato à reeleição em Minas Gerais, governador Romeu Zema (Novo), negou em entrevista ao jornal O Globo desta quinta-feira 2 que formará um palanque com o presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado. A declaração contraria o que disse o ex-capitão nos últimos dias, quando acenou ao mineiro para a formação de uma aliança. Zema, no entanto, evita colar sua imagem à do ex-capitão, que acumula altos níveis de rejeição entre os mineiros.

“Eu já falei: ‘Presidente, eu estarei apoiando o candidato do meu partido’. Ele tem a campanha dele, eu tenho a minha. E, hoje, o meu candidato é o do partido Novo, o Luiz Felipe D’Avila”, afirmou Zema.

Mais adiante, no entanto, ele diz que, caso seu partido decida pela composição, não irá se opor. “Se amanhã o partido decidir, juntamente com ele [D’Avila], retirar a candidatura e apoiar A, B ou C, eu seguirei. No momento, o meu apoio é a ele [D’Avila]. Política tem muita imprevisibilidade.”

Apesar de afirmar que não criará barreiras para a composição, Zema tenta descolar seu nome de Bolsonaro, ainda que seus governos estejam intimamente ligados. Segundo alega, não apoiou ou foi apoiado por Bolsonaro nas eleições de 2018, e, desde então, mantém apenas contatos institucionais. Na prática, no entanto, a alegação não se sustenta.

“Durante a campanha de 2018, o meu contato foi zero com Bolsonaro. Eu vim a conhecê-lo nós já estávamos eleitos. Meu relacionamento com o presidente é muito transparente e institucional, como será com qualquer um que vier a ser o presidente”, diz o atual governador.

Apesar do que diz Zema, em 2018, já no primeiro turno, ele desafiou o seu partido e pediu votos para Bolsonaro ao fim do debate promovido pela TV Globo. Pelas redes sociais, o partido chegou a tratar o caso como ‘infidelidade partidária’. Na ocasião, o fato foi considerado por analistas como ponto de virada para levar o empresário ao segundo turno.

No segundo turno daquele ano, a aproximação entre os dois foi ainda mais escancarada. O político chegou a aderir o slogan ‘Bolsozema’ durante a campanha e repetir o bordão ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’. Pelas redes sociais, naquela ocasião, fez diversos acenos ao ex-capitão.

Já eleitos, Bolsonaro passou a usar o atual governador em diferentes ocasiões para se referir a ‘bons exemplos’ de executivos estaduais. Nas muitas agendas do ex-capitão no estado, Zema sempre acompanhou em posição de destaque. Nesta semana, Bolsonaro chegou a dizer que seu apoio ao Zema estaria encaminhado, já que ‘em time que está ganhando não se mexe’, indicando novamente a proximidade entre os dois políticos.

Segundo Zema, porém, não há qualquer conversa para a aliança no estado. “Ele já tem palanque, o do senador Carlos Viana (PL). Não houve conversa com Bolsonaro sobre aliança.”

Na entrevista desta quinta, o governador se esquivou ainda de afirmar ser um bolsonarista: “Bolsonaro poderia ser chamado de presidente zemista também, concorda?”, respondeu ao ser questionado sobre o rótulo.

Na conversa, Zema ainda direcionou ataques a Alexandre Kalil (PSD) e minimizou a composição do adversário com Lula (PT), que, segundo pesquisas, podem render a vitória ao ex-prefeito de Belo Horizonte na disputa pelo governo do estado.

“Meu adversário não tem luz própria”, disse. “É um candidato que está procurando alguém que o ilumine”, completou em outro trecho.

Já sobre Lula, apontado pelas pesquisas como o candidato com a maior probabilidade de vitória na corrida presidencial, Zema disse que não gostaria de ‘trabalhar com ele’ e afirmou que, caso os dois sejam eleitos, terá apenas conversas institucionais.

“Nunca conheci o Lula, nunca tive oportunidade de conversar com ele. Não acredito nas propostas dele e nunca gostaria de trabalhar com ele”, disse Zema.

“Terei um relacionamento institucional. Estarei com o novo presidente eleito, quem quer que seja. E espero que ele reveja seus pontos de vista inadequados, anacrônicos e que não são parte da solução”, destacou em outro trecho.

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