Política

Aliados de Bolsonaro defendem que não houve golpe no Brasil em 1964

Nem todos os bolsonaristas endossaram a recomendação do presidente para comemorar o golpe que instaurou a ditadura

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Mesmo após Jair Bolsonaro sofrer críticas por sua recomendação para as unidades militares celebrarem dos 55 anos do golpe que instaurou a ditadura militar de 1964, aliados do governo e bolsonaristas se manifestaram em apoio ao regime. A defesa: não houve golpe no Brasil.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), defendeu que “nunca houve golpe no Brasil”. Na mesma linha, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que “não considera [1964] um golpe”.

A declaração de Witzel surgiu após o ex-juiz federal defender que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff não pode ser classificado como um ‘golpe’. Questionado pela imprensa se o termo pode ser utilizado para classificar o regime ditatorial que se iniciou em 31 de março de 1964, ele negou: “nunca houve golpe”.

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O chanceler brasileiro considera que o movimento de ruptura em 1964 se tratava de “um movimento necessário para que o País realmente não virasse uma ditadura”.


Já Witzel considera a ditadura militar que o Brasil viveu entre 1964 e 1985 um movimento de ação popular. “O que houve no Brasil foram ações do povo contra determinadas situações que, naquele momento, não eram de interesse do povo”, defendeu o governador. Witzel continuou sua defesa dizendo que se os militares não tivessem realizado uma intervenção, “teria acontecido, sim, um regime comunista. O povo optou pelo não comunismo”.

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Durante a sessão da Câmara, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) questionou Araújo se o tempo que os militares estiveram no poder foi uma ditadura. O ministro não respondeu.

Divisão entre os apoiadores

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O governador e o chanceler não foram os únicos ‘homens do presidente’ a manifestar apoio ao presidente. A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo, parabenizou a decisão de Bolsonaro pela sua conta no Twitter. “É a retomada da narrativa verdadeira de nossa história”, escreveu.

A opinião atual contrasta com o que a parlamentar disse em 2014 na mesma rede social. Em tweet publicado em 24 de março daquele ano, a hoje deputada federal convidava seus seguidores a lerem uma publicação em seu blog. O texto dizia: “50 anos do golpe militar: dez razões para não ter saudade da ditadura”.

Nem todos os bolsonaristas endossaram a recomendação do presidente. A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), defendeu em seu Twitter que o governo precisa se desvencilhar da imagem de 1964.

Desde que o presidente determinou que sejam feitas comemorações em unidades militares em 31 de março, data em que teve início a ditadura civil-militar no Brasil, órgãos têm se manifestado contra a ordem presidencial. A Defensoria Pública da União protocolou uma ação civil pública para que a Justiça Federal proíba o governo e as Forças Armadas de realizar o ato. O Ministério Público Federal emitiu uma nota defendendo que a ação presidencial fere o Estado Democrático de Direito e que pode configurar crime de responsabilidade.

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