Justiça

Torres diz ter perdido o telefone nos EUA no momento em que soube que seria preso

Segundo o ex-ministro de Bolsonaro, o extravio não foi intencional, já que isso teria apenas atrapalhado a sua defesa

Torres diz ter perdido o telefone nos EUA no momento em que soube que seria preso
Torres diz ter perdido o telefone nos EUA no momento em que soube que seria preso
Advogado orienta Anderson Torres durante o depoimento sobre a trama golpista no STF. Foto: Ton Molina/STF
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O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, interrogado nesta terça-feira 10 pelo Supremo Tribunal Federal como réu pela trama golpista, alegou ter perdido seu celular assim que recebeu a notícia que seria preso, no dia 10 de janeiro de 2023. Ele estava nos Estados Unidos no momento em que o mandado de prisão foi expedido no Brasil.

No interrogatório desta terça, Torres alegou ter ficado transtornado com a ordem de prisão e, no momento de crise, acabou perdendo pertences.

Ele não explicou o contexto do extravio, nem forneceu detalhes de qual foi a última vez que viu o aparelho. Ele também não informou sobre o momento em que se deu conta de que o celular teria ficado para trás. Ao ser perguntado sobre o episódio, se limitou apenas a confirmar que desembarcou no Brasil sem o telefone.

“Não tenho vergonha de falar: eu perdi o equilíbrio com aquela notícia da prisão. Estava com três crianças pequenas nos EUA pela primeira vez. A realização de um sonho se tornou um pesadelo para mim e, nesse contexto, eu acabei perdendo o meu celular. Perdi uns dólares e isso foi muito ruim para a minha defesa”, afirmou Torres sobre o sumiço do celular.

Ainda segundo Torres, o extravio do telefone não teria sido proposital, nem uma tentativa deliberada de impedir as investigações sobre a trama golpista. Ele alega ter fornecido a senha da nuvem para que os agentes tentassem recuperar as informações que estavam no smartphone.

“Cheguei aqui e forneci a senha da nuvem do meu celular, ali tinha muita coisa que me ajudaria”, argumentou.

Torres é o quarto réu do núcleo crucial do golpe a depor no STF. Ele é acusado como um dos articuladores da chamada minuta golpista. O ex-ministro também é apontado como um dos facilitadores do 8 de Janeiro. Ele negou as acusações.

Antes de Torres, falaram Mauro Cid, delator do caso; Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin; e Almir Garnier, ex-comandante das Forças Armadas. Todos, assim como Torres, negaram os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República na denúncia.

Depois de Torres, o STF deve ouvir ainda os seguintes réus:

  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente;
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa; e
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente.

Walter Braga Netto será o único a depor por videoconferência, uma vez que está preso preventivamente desde dezembro, no Rio de Janeiro. Todos os demais estão em Brasília e devem ser interrogados até, no máximo, sexta-feira 13.

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