Política

Sem pagar dívida milionária, Mario Frias quer retomar a administração da Cinemateca

Enquanto o governo disputa a administração local com a Roquette Pinto, a Cinemateca corre sérios riscos

Mários Frias (Cultura) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). Foto: reprodução.
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A crise que envolve a Cinemateca Brasileira ganhou mais um capítulo. O secretário especial da Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias, quer tirar a administração da empresa Roquette Pinto e retomar para o Estado a gestão do acervo do cinema brasileiro.

Em vídeo publicado em seu Instagram nesta quarta-feira 15, Frias e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio,  dizem que não existe amparo legal para que a Secretaria assuma uma dívida de um contrato não vigente há mais de seis meses.

A Roquete Pinto, por sua vez, afirma que o acordo vale até 2021 e acusa Frias de “atitude arbitrária”.  Nesta quarta, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação civil pública contra a União, responsabilizando o governo pelo “estrangulamento financeiro e abandono administrativo” do órgão.

“Caso algum acidente venha acontecer no material por falta de manutenção, como um incêndio por exemplo, a responsabilidade será de quem está visando seu próprio interesse e impede o acesso do poder público para solucionar o problema. Não aceitaremos chantagens”, diz Frias.

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Um importante esclarecimento sobre a situação da Cinemateca do Brasil, em São Paulo. @marceloalvaroantonio #GovernoFederal #Brasil

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A briga entre o governo federal e a Roquette Pinto se dá pelo fato da empresa ter um contrato de gestão do museu até 2021.

O problema começou quando o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub decidiu em dezembro de 2019 encerrar um contrato com a Roquette Pinto para gerir a TV Escola. Sem o contrato com o MEC, invalidou-se também o acordo para a gestão da Cinemateca.

Desde então, o governo abandonou o local e a administração foi feita com orçamento exclusivamente vindo da Roquette Pinto. No mês passado, a presidência da organização enviou uma carta ao Ministério cobrando o pagamento da dívida com a entidade. O valor que a união precisa repassar já passa dos R$ 13 milhões.

O conflito tem colocado a cinemateca em risco.  Os funcionários estão em greve, pois não recebem os salários desde abril; a brigada de incêndio foi desativada por falta de pagamento; e o gerador quebrou e não houve manutenção.

Não há uma fiscalização necessária dentro do acervo, nos equipamentos, muito menos no prédio. Há um medo entre os funcionários que falaram com a reportagem de que aconteça o mesmo desastre do Museu Nacional, que pegou fogo em 2018.

Ouvido pela reportagem, funcionários temem que a volta da administração da Cinemateca para o governo federal seja uma manobra para encerrar suas atividades. “Um governo que está privatizando tudo quer reestatizar uma instituição? Isso é uma tentativa de encerrar as atividades da Cinemateca”, disse um dos funcionários que não quer se identificar.

A cinemateca brasileira é responsável pelo acervo de 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema nacional, sendo o órgão deste segmento mais importante da América Latina,

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