Economia

Selic em 13,75% é ‘orientação política’ do presidente do Banco Central, diz ministro

A reação de Márcio Macedo, que comanda a Secretaria-Geral da Presidência, faz parte da ofensiva de integrantes do governo contra a política de juros do BC

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo (PT), elevou o tom nas críticas à manutenção da Selic em 13,75%  e disse que o patamar de juros neste nível “só serve aos especuladores”. Ele ainda afirmou que a atual política monetária é “uma orientação política” do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. As declarações foram dadas nesta segunda-feira 27, em entrevista ao Jornal da Fan, da rádio FanFM

“Nenhum país do mundo sobrevive a isso [a Selic em 13,75%]. Isso é um erro, essa é uma orientação política do presidente do Banco Central, que tem raízes e ligações profundas com o projeto conservador e autoritário que estava no poder nos últimos 4 anos. E isso nós precisamos enfrentar”, afirmou. “Não dá para o país ter esse patamar porque só ganham os especuladores. Você não permite que o país possa crescer, gerar emprego, renda, incentivar os nossos empreendedores”.

De acordo com o ministro, o Congresso deve debater o tema porque a taxa de juros tem implicação direta nos investimentos. “Claro que nós não somos irresponsáveis. Tem que ter controle da inflação, fortalecimento da nossa moeda, mas tem que ter investimento. Não se cresce sem investimentos e com essa taxa de juros é impossível investir. Então esse debate tem que ser feito pelo Congresso Nacional. Tem mandato [o atual presidente do BC possui mandato de até 2024] mas não é vitalício, ele pode ser interrompido pelo Congresso“, defendeu.

A reação de Macedo vem na esteira da série de reclamações expostas por integrantes do governo e aliados em relação ao comunicado do Conselho de Política Monetária divulgado na última quarta-feira. No documento, o Copom deixou claro que não descarta aumentar a taxa Selic sob o pretexto de que há incertezas sobre os cenários. A última vez que o BC mexeu na taxa básica de juros foi em agosto de 2022, quando aumentou de 13,25% para o patamar atual.

Durante evento no Rio de Janeiro, na semana passada, o presidente Lula (PT) reafirmou a avaliação de que o comando da instituição está ferindo a lei que deu autonomia ao banco. “Ele [Campos Neto] nem precisa conversar comigo, só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas precisa cuidar do emprego, da inflação e da renda do povo”, afirmou.

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