CartaExpressa
Secom rebate declarações de ‘decano’ da Lava Jato a jornal: ‘Ainda é tempo de reconhecer seus erros’
O ‘Estadão’ ouviu o ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que afirmou: ‘Lula tinha que estar na cadeia’


A Secretaria de Comunicação Social do governo Lula (PT) rebateu as declarações feitas pelo ex-procurador da Operação Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima ao jornal O Estado de S. Paulo, na última quarta-feira 13.
O periódico paulista ouviu Carlos Fernando – que abandonou o Ministério Público Federal e passou a advogar como consultor na área de compliance – por ocasião dos 10 anos de Lava Jato.
Na entrevista, publicada sob o título ‘Lula tinha que estar na cadeia’, afirma decano da Lava Jato, o ex-procurador também afirmou que o Supremo Tribunal Federal estaria era no “centro do desmonte” da Operação e virou “fonte de insegurança jurídica”.
O texto divulgado pela Secom, assinado pelo secretário de imprensa José Chrispiniano, diz que o jornal deveria “fazer jornalismo” e afirma que a Lava Jato “promoveu danos para a economia e a democracia brasileira, ao trocarem a investigação série pela busca de fama e objetivos políticos”.
“Ainda é tempo de finalmente reconhecer seus erros e a sorte de não terem sofrido punições à altura dos crimes que cometeram”, acrescenta a nota publicada nesta quinta-feira.
A nota ainda menciona a existência de “várias evidências de que a denúncia [contra Lula] não se sustentava nem para os próprios procuradores” e cita a “ocorrência de depoimentos forjados, delações encomendadas, vazamentos ilegais, grampos ilegais e diversas outras irregularidades pelas quais seus autores nunca responderam”.
Condenado em dois processos da Lava Jato, razão pela qual chegou a ficar 580 dias preso e teve sua candidatura barrada nas eleições de 2018, Lula teve as sentenças anuladas pelo STF em 2021.
A decisão se baseou em dois entendimentos da Corte: de que o então juiz Sérgio Moro foi parcial, o que comprometeu o direito da defesa a um julgamento justo, e de que os casos tramitaram fora da jurisdição correta.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Viúvas da Lava Jato
Por René Ruschel
TRF-2 derruba, de uma só vez, três condenações da Lava Jato contra Sérgio Cabral
Por Wendal Carmo
Toffoli proíbe o uso de provas da Odebrecht em ação da Lava Jato contra Delcídio do Amaral
Por CartaCapital