Política

‘Se você tirar o Centrão, pra onde é que eu vou?’ pergunta Bolsonaro

De acordo com a tese do presidente, na atual conjuntura, partidos de direita seriam irrelevantes no atual cenário político

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O presidente Jair Bolsonaro mais uma vez justificou sua iminente filiação ao PL, do Centrão, que deve ocorrer ‘ainda esta semana’. Em entrevista ao canal bolsonarista Jornal da Cidade Online nesta terça-feira 9, o ex-capitão afirmou que escolha por um partido do Centrão é inevitável, já que, fora isso, só sobrariam partidos de esquerda.

“Se você tirar o Centrão tem a esquerda, pra onde é que eu vou? Eu tenho que ter um partido se eu quiser disputar as eleições do ano que vem”, justificou, ignorando o convite de legendas da direita, como o PTB, de Roberto Jefferson.

Bolsonaro também alegou não ser uma novidade sua escolha pelo bloco, já que faz parte do grupo há mais de 20 anos.

“Pessoal critica: ‘ah ta conversando com o Centrão’, quer o quê? Que eu converse com o PSOL? Com o PCdoB?”, questionou. “Tem 513 deputados e 81 senadores, essa é minha lagoa, esses são os peixes na lagoa e eu tenho que convencê-los a votarem nas minhas propostas. Não tenho como sair fora da lagoa. Quando se fala em Centrão também, eu fui do PP por 20 anos, então eu fui do Centrão…essa é a política brasileira”, acrescentou, reagindo às críticas.

Bolsonaro deve confirmar em breve sua filiação pelo PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, a quem já chamou de ‘corrupto’ e ‘condenado por mensalão’. Seus filhos também já criticaram o dirigente da legenda. Após o anúncio da ida do pai ao PL, Carlos Bolsonaro apagou xingamentos e ofensas que publicou contra Costa Neto nos seus perfis nas redes sociais.

Ataques ao STF

Na entrevista, Bolsonaro também tratou da atuação do Supremo Tribunal Federal, a quem voltou a direcionar críticas.

“Cada vez mais o Supremo interfere em tudo. A última interferência agora é nessa história de orçamento secreto publicado em Diário Oficial da União, mas tudo bem”, disse em tom de lamento.

Mais adiante, retomou ao tema, mas disse que as críticas eram aos ministros e não ao tribunal:

“Pessoal critica muito o Supremo Tribunal Federal. Acho que tem que se criticar ministros. Os meus ministros, os do Supremo, do TCU, parlamentares, mas a instituição como um todo não”, minimizou logo após insinuar que a Corte estaria jogando ‘fora das quatro linhas da Constituição’.

“Tô dentro das quatro linhas, mas tenho falado com todos os meus ministros que nós não podemos aceitar que joguem fora das quatro linhas contra a gente. A gente tem que se impor”, afirmou o ex-capitão.

Bolsonaro ainda destacou que gostaria de ‘levantar a espada’ para resolver, como pedem seus apoiadores, insinuando novamente ser partidário de uma ruptura institucional, mas que isso teria consequências.

“Alguns querem que eu levante a espada e ‘xazam’, resolva o problema. Até que eu gostaria, mas e as consequências?”, questionou.

O presidente defendeu ainda a manutenção da indicação de André Mendonça e cobrou celeridade dos senadores na sabatina. Disse ainda que, se vencer em 2022, irá indicar outros dois ministros com o mesmo perfil.

“Eu indiquei um e hoje tenho 10% de mim dentro do Supremo. Não é que eu mande no voto do Kassio”, disse. “Quem se eleger em 2023 indica dois ministros, vamos supor que seja eu, vou ter quatro lá dentro e você mudou a linha do Supremo”, acrescentou mais adiante.

Fraudes em 2022

Questionado sobre possíveis fraudes nas eleições em 2022, respondeu que acha difícil que elas ocorram depois do grupo formado por Luís Roberto Barroso para acompanhar o processo eleitoral.

“O Exército poderia pular dentro do TSE pra resolver esse assunto, mas o nosso querido ministro Barroso baixou uma portaria e convidou algumas instituições, entre elas as Forças Armadas e nós aceitamos, pra participar de todas as etapas das eleições, desde o código fonte até a sala secreta pra contar os votos. Assim sendo, podem confiar no sistema eleitoral, porque dificilmente vai ter uma fraude”, afirmou.

Pandemia

Sobre a pandemia, repetiu que considera não ter errado em nenhum momento na condução das políticas e disse que não considera que sua atitude de não se vacinar tenham influenciado alguém.

“Disponibilizamos mais de 300 milhões de doses de vacina, agora toma quem quer, eu não tomei. […] Não acredito que o presidente tenha que ser tomado como exemplo, porque se você fosse tomar presidente ao pé da letra como exemplo, muita gente estaria viciada em bebida por aí”, afirmou atacando Lula.

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