‘Se Lula vencer, Bolsonaro passa a faixa’, diz Tarcísio de Freitas

Ex-ministro bolsonarista nega teorias de fraudes nas urnas e calcula que estará no segundo turno contra Haddad na eleição para governador de SP

Foto: Alan Santos/PR

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O pré-candidato de Jair Bolsonaro (PL) ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que não acredita nas teorias que alegam existir possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas. Em entrevista ao jornal O Globo desta sexta-feira 27, o bolsonarista afirmou ainda que o ex-capitão irá ‘passar a faixa de presidente’ para Lula (PT) caso o petista vença o pleito, cenário apontado pelas principais pesquisas eleitorais.

Questionado se Bolsonaro, seu fiador político, aceitaria o resultado das urnas, Tarcísio afirmou categoricamente que sim: “Passa [a faixa]. O presidente é um democrata e é um produto da democracia, ele se elegeu por meio da democracia”. Na prática, porém, as declarações de Bolsonaro dão indícios de que ele se prepara para questionar os resultados.

Há outros setores que também levantam dúvidas de que o rito de passagem de faixa possa acontecer. Recentemente, o próprio ex-presidente Lula disse não acreditar nesta possibilidade, mas alegou que não faz questão da participação de Bolsonaro na cerimônia de posse. “Eu não estou preocupado se o Bolsonaro vai passar a faixa ou não, ele que deixe a faixa guardada, tem lugar para guardar.”

Na entrevista, o pré-candidato contrariou o principal aliado na ofensiva contra as urnas, pauta que tem sido a obsessão de Bolsonaro. Perguntado se confia no sistema eleitoral, o ex-ministro respondeu que sim. Em outro trecho, negou acreditar em fraude.

“Eu confio”, afirmou. Em seguida, porém, tentou minimizar a discordância com o presidente: “Mas, como todo processo, ele pode ser aprimorado. Se há uma desconfiança que é de uma parcela da sociedade, e isso vem sendo reverberado de alguma forma, cabe ao TSE mostrar que o sistema é seguro”, completou. É importante ressaltar que a Corte eleitoral já comprovou dezenas de vezes a segurança do sistema com testes públicos e amplamente divulgados. Não há também qualquer comprovação de que as urnas eletrônicas tenham sido fraudadas ou violadas desde a sua implementação.

“Não [acho que existe risco de fraude eleitoral]. Entendo que o Congresso definiu o rito [voto eletrônico] que cabe a ele definir”, disse o bolsonarista.


Vale ressaltar que Tarcísio tenta, de algum modo, descolar sua imagem de Bolsonaro pela alta rejeição que o ex-capitão registra em São Paulo. Na conversa com o jornal, no entanto, ele nega a movimentação.

Figurando em terceiro lugar nas principais pesquisas de intenção de voto realizadas no estado, o bolsonarista disse acreditar que tem espaço para crescer e avalia que irá ao segundo turno para enfrentar Fernando Haddad (PT).

“Hoje, existe um desconhecimento muito grande por parte do próprio eleitor do Bolsonaro de que eu sou o pré-candidato dele. À medida que entenderem isso, podemos esperar um crescimento da minha candidatura”, explicou.

“A eleição aqui vai reproduzir a nacional. A tendência de repetição da polarização é muito grande. Acredito que devemos ter no segundo turno um candidato do Lula, o Haddad, e um do Bolsonaro”, disse.

 

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