Justiça

‘Saga’ do juiz de garantias no STF só deve ter um desfecho depois da posse de Zanin

O relator do processo, Luiz Fux, ainda não concluiu seu voto

‘Saga’ do juiz de garantias no STF só deve ter um desfecho depois da posse de Zanin
‘Saga’ do juiz de garantias no STF só deve ter um desfecho depois da posse de Zanin
O ministro do STF Luiz Fux. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, adiantou nesta quinta-feira 22 que pedirá vista – ou seja, mais tempo para análise – e interromperá o julgamento sobre a validade do juiz de garantias, mecanismo segundo o qual o magistrado responsável pela sentença não é o mesmo que analisa as cautelares durante o processo criminal.

Na sessão do plenário, ele se comprometeu a devolver os autos para julgamento “na primeira semana de agosto. O pedido de vista será formalizado após o relator, Luiz Fux, concluir seu voto,  o que deve ocorrer na semana que vem.

Como o STF marcou para 3 de agosto a posse de Cristiano Zanin, a tendência é que o julgamento sobre o juiz de garantias só chegue ao fim com a participação do mais novo ministro da Corte.

No início de sua manifestação nesta quinta, Fux chegou a dizer que a inclusão do juiz de garantias no chamado pacote anticrime “foi feita às pressas” no Congresso Nacional. A aplicação do mecanismo está suspensa desde 2020 por ordem do relator.

Na prática, os processos penais passariam a ser acompanhados por dois magistrados: o juiz de garantias, cujo foco é assegurar a legalidade das investigações e evitar excessos, e o juiz convencional, que tem a função de decidir sobre a continuidade das apurações e proferir a sentença. Atualmente, no Brasil, os juízes acumulam essas funções.

Bate boca

Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux discutiram nesta quinta, durante o julgamento.

Fux começava a proferir o seu voto quando foi interrompido por Gilmar. Ele destacou o fato de que “já faz três anos que esse processo está interrompido”.

O relator afirmou já ter explicado o motivo para suspender o processo, mas foi novamente contestado pelo colega.

“Paramos três anos porque era necessário, e é preciso parar mais”, devolveu Fux.

“Vamos dizer, então, que se pare sempre”, prosseguiu Gilmar. “Temos de enfrentar com responsabilidade os temas sem torná-los midiáticos”, respondeu Fux.

Na sequência, Fux disse admirar a “sinceridade” de Gilmar.

“Vossa Excelência pode esperar durante o julgamento a minha sinceridade”, afirmou o decano do STF.

“Eu não tenho medo de sinceridade. Olho no olho, enfrento o debate, não tenho medo de coisa nenhuma”, declarou Fux. “Agora, vou falar minha verdade até o fim.”

“Pode esperar”, finalizou Gilmar.

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