Política

Relatora de CPMI quer quebrar sigilo bancário de sargento que participou do 8 de Janeiro

Coaf apontou movimentação atípica de 3,3 milhões. Governistas suspeitam que o dinheiro tenha sido usado para custear acampamentos golpistas e atos antidemocráticos

O sargento do Exército Luis Marcos dos Reis. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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Relatora da CPMI que apura os ataques golpistas do 8 de Janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) defendeu a quebra do sigilo bancário do sargento Luis Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Ajudância de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para Eliziane, o depoimento de Reis à CPMI, nesta quinta-feira 24, foi contraditório e não explicou transações financeiras suspeitas identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf.

O órgão havia apontado movimentação atípica de 3,3 milhões de reais entre fevereiro de 2022 e maio deste ano. Parte desses recursos foi repassada a Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro.

“Ele realmente não conseguiu explicar”, disse a jornalistas. “Há muita movimentação financeira que ele até tentou, em algum momento, apresentar algumas justificativas, mas que na verdade não são compatíveis. Em função disso, como nós temos apenas o RIF dele, estamos solicitando também a quebra do sigilo bancário.”

Até o momento, a CPMI tinha apenas o Relatório de Inteligência Financeira do Coaf e a aprovação de requerimentos de quebra de sigilo telefônico e telemático. De acordo com a relatora, a expectativa é de que o requerimento sobre o sigilo bancário seja apreciado na próxima sessão deliberativa.

Durante o seu depoimento, Reis alegou que parte do montante milionário havia sido obtido através de um “consórcio entre amigos”, o que a relatora classificou como “agiotagem”.

“Um exemplo. Doze pessoas começam com 1.500 reais, e cada mês aumenta quinze reais. É uma maneira de você pegar dinheiro emprestado com juros menores”, disse o militar. “Não é agiotagem não.”

“No meio militar, isso existe há 20, 30 anos. Se for ilegal, eu não sei. Estou sendo sincero. Então, quem está precisando do dinheiro recebe primeiro”, disse ele.

Além disso, o ex-auxiliar de Bolsonaro afirmou que o dinheiro está relacionado a recebimentos da aposentadoria na carreira militar.

Informações da CPMI, no entanto, indicam que o sargento recebeu valores da madeireira Cedro do Líbano, empresa investigada pela movimentação de 32 milhões de reais, cifra incompatível com o porte do negócio.

A empresa tinha convênio com a  Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, na era Bolsonaro.

Eliziane mencionou depósitos do dono da madeireira, Vanderlei Cardoso de Barros, ao sargento, nos valores de 18.140 reais, 31.160 reais e 24.980 reais. O sargento decidiu se manter em silêncio sobre esses valores, mas argumentou que a Procuradoria-Geral da República já arquivou o processo relativo a essa investigação.

Segundo mensagens virtuais obtidas pela Polícia Federal, o sargento esteve presente nos atos de 8 de janeiro e enviou uma série de imagens para o empresário da madeireira.

Parlamentares governistas creem que esse dinheiro possa ter sido utilizado no financiamento dos acampamentos golpistas e dos ataques de 8 de janeiro. Além disso, há suspeitas de que os valores tenham servido para a prática do crime de lavagem de dinheiro.

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