Negro, periférico, advogado, mestre em Direito, vereador eleito em Curitiba em 2018 com 5.097 votos. Este é Renato Freitas, 38 anos, que carrega em sua biografia numerosos episódios de racismo e teve seu mandato cassado, no dia 5 de agosto, por ter participado, em fevereiro deste ano, de um protesto em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo da Ordem, região central da capital paranaense.
O ato era para denunciar a xenofobia e o racismo que motivaram o assassinato do congolês Moïse Kabagambe, no Rio de Janeiro, atividade que aconteceu simultaneamente em várias outras cidades brasileiras. Enquanto o protesto acontecia do lado de fora, dentro da igreja o padre Luiz Hass celebrava uma missa e, ao término da celebração, os manifestantes, inclusive Freitas, adentraram na igreja. Este foi o “crime” que tirou do vereador do PT o mandato que lhe foi consagrado pelas urnas. “Crime”, por sinal, bem mais brando que o praticado pelo deputado estadual por São Paulo, Fernando Cury, que apalpou os seios da colega Isa Penna no plenário da Assembleia Legislativa e não perdeu o mandato. Ou do deputado bolsonarista Daniel Silveira, autor de ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal e incontáveis ataques à democracia, mas a Câmara faz vistas grossas.
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