Política

Quem são os eleitores que Bolsonaro espera conquistar, segundo Fábio Faria

Ministro das Comunicações minimiza apoio de empresários à carta contra ataques do ex-capitão: ‘A Faria Lima torce por Bolsonaro’

Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
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O ministro das Comunicações, Fábio Faria, explicou nesta quinta-feira 28 que o ex-capitão não deverá centrar esforços na busca por ‘novos eleitores’ em 2022. Segundo disse em entrevista ao jornal O Globo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) terá um foco maior em ‘recuperar os arrependidos’ por ser ‘muito mais fácil’. Ainda de acordo com o ministro, ganhar terreno entre jovens sem acesso à internet também está no radar.

“O foco é recuperar o eleitor de 2018, principalmente no Sudeste. É muito mais fácil buscar o eleitor que votou no presidente e hoje não vota mais do que atrair um eleitor do PT raiz”, afirmou Faria.

Atualmente, Bolsonaro conta com o apoio de apenas 61% dos eleitores que votaram nele no segundo turno de 2018, segundo pesquisa PoderData recente. Entre os arrependidos, a maior parte alega que pretende votar em Lula (PT), conforme mostrou o levantamento publicado há pouco mais de duas semanas.

A segunda estratégia, conforme explicou Faria, seria conectar eleitores mais jovens que ainda não possuem acesso à internet. Ele aposta na ampliação do sinal 5G para angariar votos no grupo em que Bolsonaro tem altos índices de rejeição.

“Boa parte dos brasileiros desconectados da internet hoje é de jovens. Da área rural à comunidade indígena, o que mais querem é internet. Vamos conectar esses jovens”, afirma o ministro.

Na conversa, ele ainda sinalizou que pretende usar eleitoralmente a conexão por meio de um apoio dos ‘gamers famosos’ que atuam no Brasil. “O Brasil foi o primeiro da América Latina a oferecer conexão em 5G. O país tem muitos gamers famosos, e o 5G muda totalmente a forma como eles vão jogar, interação e velocidade.”

Ainda sobre o segmento, Faria atacou professores universitários ao comentar a rejeição do seu aliado. Segundo pesquisa Datafolha desta quarta, Lula tem 51% do apoio dos jovens das capitais, ante 20% de Bolsonaro.

“Quem tem 18 anos não sabe o que aconteceu nos 14 anos de PT. Não gosto de falar de ideologia, mas a maioria dos professores de universidades e escolas é de esquerda. Eles [jovens] não aprendem pelo que pesquisam, mas pelo que ouvem”, destaca.

O grupo é uma preocupação de Bolsonaro, em especial, após o apoio da cantora Anitta ao ex-presidente Lula. Em discurso recente aos evangélicos, Bolsonaro aconselhou que os pais deem uma ‘chegada’ nos mais jovens para pedir votos em seu favor. Ele também usou ‘a internet’ como arma. Conforme aconselhou aos aliados, é importante dizer aos mais jovens que as redes sociais estariam ameaçadas com a vitória de Lula. A tese, no entanto, distorce uma regulamentação da mídia defendida pelo petista e mente sobre uma suposta censura que será implementada com a chegada dele ao Planalto.

Ao detalhar parte das estratégias de campanha ao jornal, Faria se esquivou e não respondeu se acredita que as ações seriam suficientes para reverter a desvantagem de Bolsonaro para Lula, demonstrada pelas pesquisas.

Na conversa, o ministro ainda citou a participação de Michelle Bolsonaro e disse que pretende tirar o foco das declarações polêmicas de Bolsonaro para mostrar ‘ações do governo’. “Nos três anos e meio, as palavras inadequadas ficaram em primeiro plano. Na campanha, vamos expor as ações da nossa gestão.”

Questionado então sobre o apoio do mercado financeiro ao manifesto pela democracia e contra ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas, Faria minimizou: “A Faria Lima torce por Bolsonaro. Os empresários são a favor da liberdade econômica e do Banco Central independente. Agora, empresário conversa sempre com os dois lados. Vão receber Bolsonaro e Lula.”

Para ele, integrantes do mercado financeiro e artistas, com exceção de cantores sertanejos, não modificam cenários eleitorais. “Os empresários e artistas não ganham eleição, não mudam votos. No Rio, Freixo sempre foi candidato com o apoio de artistas e nunca ganhou eleição. Acho que os artistas que mudam voto são os sertanejos, que movem multidões”, destacou o bolsonarista.

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