Política

Quem é Marcos do Val, o senador que relatou plano golpista de Bolsonaro e Daniel Silveira

O senador ganhou o noticiário político nesta quinta ao acusar o ex-presidente de envolvimento em plano para grampear Alexandre de Moraes

O senador Marcos do Val. Foto: Agência Senado
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O senador Marcos do Val (Podemos-ES) monopolizou o noticiário político nesta quinta-feira 2, após acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) de coagi-lo a participar de um golpe de Estado no fim de 2022.

Ele prestou depoimento à Polícia Federal horas depois de revelar um plano que envolvia grampear ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, a fim de que a gravação servisse para prender o magistrado.

Nos últimos meses, o senador ganhou destaque por outras polêmicas. Em novembro passado, publicou nas redes sociais um suposto registro de sua conta bancária no negativo. Na mensagem, ele reclamou do salário que recebe como parlamentar.

“Para os que pensam que tenho regalias e salários milionários, segue o extrato da minha conta. Na minha carreira anterior, eu recebia a cada 2 dias o que eu recebo hoje por mês como senador. E ainda tendo que ouvir ataques, ofensas e ingratidão”, escreveu. “Jamais vou me corromper.”

O extrato mostrava 1.326,82 reais usados no cheque especial e 28.336,07 reais em pagamentos agendados até 9 de dezembro. O salário bruto de um senador no Brasil era de 33.763 reais por mês no ano passado.

Meses antes, em julho de 2022, do Val ganhou o noticiário por fatos mais delicados, após afirmar ao jornal O Estado de S. Paulo ter recebido 50 milhões de reais em emendas do orçamento secreto por apoiar, em 2021, a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado.

Ele acrescentou ao veículo ter sido informado da “gratidão” de Pacheco pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Após a publicação da entrevista, Do Val disse ter sido mal interpretado, negou que tenha havido negociação de emendas em troca de votos para Pacheco e alegou que o termo “gratidão” se referia à possibilidade de assumir a presidência da Comissão de Transparência do Senado.

A Procuradoria-Geral da República se manifestou semanas depois em um parecer assinado pela vice-procuradora-geral Lindôra Araújo e afirmou não ter visto indícios de irregularidade sobre o uso dos recursos para a eleição de Pacheco. Argumentou ainda não haver elementos que indiquem corrupção ativa e passiva e disse não ter existido “oferecimento, promessa, solicitação ou recebimento de qualquer vantagem indevida” por qualquer um dos representados.

Marcos do Val, 51 anos, foi militar do Exército no 38º Batalhão de Infantaria. É mestre em Aikido, credenciado pela International Aikido Federation, sediada no Japão. Também é fundador do Centro Avançado em Técnicas de Imobilizações.

Por meio de sua empresa, o senador diz ter promovido treinamentos a agentes de forças como Swat, Nasa, FBI e Navy Seals, além do Vaticano e de 120 corporações policiais e de segurança de diversos países.

Afirma, também, que sua companhia foi responsável pelo treinamento dos figurantes e dos atores do filme Tropa de Elite.

Em 2018, recebeu pouco mais de 863 mil votos e se elegeu senador. Ocupou cargos na Mesa Diretora da Casa e esteve em comissões permanentes – foi, por exemplo, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Em 2021, integrou como suplente a tropa de choque do bolsonarismo na CPI da Covid e tentou defender o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em meio à revelação cada vez mais intensa do negacionismo do governo federal àquela altura.

parecer final do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão, incluiu Bolsonaro em nove tipos penais, entre crimes comuns, de responsabilidade e contra a humanidade.

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