Os partidos PSOL e Rede Sustentabilidade apresentaram requerimentos em que solicitam a convocação do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, ao Congresso Nacional, para explicar a suspensão dos testes da vacina chinesa desenvolvida pelo laboratório Sinovac e o Instituto Butantan.
Na noite de segunda-feira 9, a Anvisa anunciou que os testes do imunizante foram interrompidos por “evento adverso grave”. Em tom de crítica à decisão, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que o evento não tem relação com a vacina. De acordo com a TV Cultura, a informação preliminar é de que um voluntário de 33 anos que participava dos testes cometeu suicídio.
Para o PSOL, a suspensão aconteceu sem justificativa plausível. No requerimento, deputados da legenda dizem temer uma gestão da Anvisa “que desrespeite as orientações das autoridades sanitárias”. Eles lembram que o presidente Jair Bolsonaro comemorou a suspensão dos testes da vacina.
“A Anvisa deve ser um órgão de Estado, e não vinculada ao governo Bolsonaro. No Estado democrático de direito, as agências reguladoras devem se submeter à Constituição Federal e às leis vigentes, e não ao presidente da República e seus aliados”, escrevem.
Por sua vez, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que a medida “causa espanto” por ter sido adotada de “forma abrupta e sem comunicação com o Instituto Butantan”.
“Dada a atitude do Presidente da República, não podemos descartar que a Anvisa tenha sido instrumentalizada para cumprir os caprichos do presidente e lhe garantir ‘mais uma vitória’ às custas da saúde, e das vidas, de todos os brasileiros”, escreveu o parlamentar.
Um terceiro requerimento, do PT, solicita informações ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a suspensão dos testes.
Assinado pelo líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o documento elenca 15 questionamentos sobre a decisão da Anvisa, que tratam dos motivos da medida, razões para que o Instituto Butantan não tenha sido avisado formalmente e por que os testes da vacina inglesa de Oxford não foram suspensos quando houve um óbito.
“O mundo inteiro aguarda ansiosamente a vacina para o combate ao COVID-19, e nesse momento crucial, o governo brasileiro age como se a vida das pessoas fosse objeto de disputa eleitoral”, escreveu o parlamentar.
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